1 Agosto 2019      10:28

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Os Donos Disto Tudo

Eles instalaram-se no Estado, controlam o aparelho, manipulam o sistema, e destroem a democracia. São arrogantes porque são poderosos. Vivem no Estado e do Estado há anos, há décadas, a vida inteira, alguns há várias gerações.

São avaliados, escrutinados e criticados, mas riem-se de tudo isso, porque lhes é inconsequente. O poder pertence-lhes porque o povo, manso, obediente, intelectualmente preguiçoso, prefere o conforto do Estado paternalista à responsabilidade trabalhosa de pegar na Liberdade com as duas mãos.

Eles fizeram do Estado a sua casa e do erário público as suas finanças pessoais, porque nós, os cidadãos, assim o permitimos, porque nós confundimos o Estado com o país. E todos somos culpados. Analisemos a primazia do espaço dedicado ao Estado na comunicação social, em contraponto com o que é dedicado à economia e à cidadania, que com aquele constituem tripé das democracias modernas contemporâneas. A comunicação social defende-se dizendo que “vende” aquilo que os cidadãos querem “comprar”, e os cidadãos defendem-se dizendo que “compram” aquilo que a comunicação social lhes quer “vender”. Neste jogo do empurra em que todos somos perdedores, os vencedores são sempre os mesmos: os Donos Disto Tudo.

Depois de quarenta e um anos de ditadura e de quarenta e cinco de democracia, continuamos presos a esta ideologia de Estado todo-poderoso, omnipresente na vida dos cidadãos. Ideologia que nos segura com as suas garras à cauda da Europa, que nos impede de progredir, que faz com que, um após o outro, todos os países da Europa de Leste nos estejam a ultrapassar. Neste país em que ser-se empresário é moralmente reprovável e tendencialmente criminoso, vemos o atraso civilizacional como maldição. Não o é. É escolha, e é nossa.

Usemos, pois, o verão para descansar, mas preparemo-nos para a tomada de decisão que nos espera no próximo outono, e não tenhamos medo de ser mais livres.