29 Outubro 2022      10:43

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O suspiro do vento

Hoje, quando escrevo esta breve crónica, penso essencialmente naquilo que leva alguém a escrever um texto. Escreveria sobre alguém ou alguma coisa. Escreveria sobre uma terra, um tempo passado, uma alegria, um lamento? Ou escreveria sobre um simples movimento do momento que não se move!

O suspiro do vento é tão forte nesta breve crónica quanto o é no Alentejo, no Algarve, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar.

Ouvi dizer que, há um semana atrás, fez tão mau tempo, que a abençoada chuva finalmente chegou e deixou as terras a chorar. A chorar de uma alegria contente. Daquela alegria que se sente quando o suspiro anuncia as boas notícias.

E a chuva caiu… será suficiente? Talvez não seja, mas é o prenúncio de que o céu está atento e mais virá. Outras gotas cairão no mesmo carreiro por onde estas desaguam e delas, as puras, surgirá a multiplicidade.

Porém, esta semana, no final de um mês de transição, Outubro, tanta coisa muda.

Muda não só a estação do ano. Neste mês verdadeiramente começamos a sentir o outono. Neste mês, as bruxas saem de casa e andam lives pelas ruas… tantas delas em formas humanas.

Neste mês celebramos tanto e tão pouco, que se torna muito. E por isso mesmo, o suspiro do vento se torna mais forte.

Que significa para o caro leitor sentir o suspiro do vento? Terá, porventura, sentido esse toque na orelha de uma brisa suave? Desse suspiro do vento a lembrar da existência de vozes exteriores?

O suspiro. Todos nós suspiramos. Uns de forma mais suave, outros mais agressivos. Porém, o suspiro faz parte de nós.

O vento. Ouço, sinto. Por vezes tenho receio, outras agradeço a sua brisa suave. E confundo-me com o seu sussurrar.

Certo ontem, como hoje ou amanhã é que o suspiro do vento continuará a existir. Os sons, esses da minha mente, tão partilhados com o vento, suspiram… e este texto, em círculos, pela existência e insistência, relembra-me dos elementos que me fazem existir.