1 Janeiro 2022      13:11

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O que será, que será (...) que juram os profetas embriagados (… ) que não faz sentido

É difícil escrever, nestes tempos, sobre temas que nos dizem respeito e que não são triviais, nem muito íntimos. Porém, há algo que me intriga porque ainda não o compreendo. E quando, depois de ler e reler, acho que entendi um pouco, percebo que seria capaz de repetir os conceitos, mas não o significado. Tudo começa com uma frase, que chamou a minha atenção e a minha imaginação:

“No metaverso, um ambiente 3D pode ser acessível através de fones de ouvidos, óculos ou relógios ligados. Em um espaço tridimensional, o usuário consegue ter a sensação de estar dentro da própria web e experimentar a conexão de maneira completa e parecida com o mundo real. Assim, o metaverso é, ao mesmo tempo, um "espelho" do real, uma vez que tem a capacidade de reproduzir locais que existem no mundo físico, e um universo totalmente novo, já que também permite a criação de uma realidade completamente inventada, com novos cenários. Para traduzir essa versão digital copiada do mundo real, especialistas usam o termo "mirrorworld".

Isso é exatamente o que vem acontecendo comigo há algum tempo com o espelho da casa de banho da minha casa, mesmo sem saber que era um metaverso e sem usar fones de ouvido ou dispositivos especiais. Mas o resto das explicações fizeram-me pensar que é outra coisa, e é aqui se torna complexo:

“A proposta do metaverso - universo virtual que promete ser o novo capítulo da Internet - é ambiciosa: espelhar o mundo real no ambiente virtual, onde as pessoas poderão interagir por meio de avatares 3D e a partir de tecnologias como realidade virtual e aumentada.”

“Um termo importante para entender o metaverso é "gémeo digital", que define a versão virtual de um objeto ou de parte da vida real. Nesse sentido, um ponto interessante é que você pode ser quem quiser no metaverso. Lá, a sua representação é feita por um avatar, ou seja, um personagem online que pode respeitar as suas características — assemelhando-se a um desenho animado, como os conhecidos memojis, da Apple — ou assumir uma forma completamente diferente, baseada no que o usuário gostaria de ser. A pessoa consegue interagir com objetos virtuais e do mundo real, bem como os itens digitais também podem dialogar com os aparelhos físicos ou de um universo completamente inventado. A imersão completa no metaverso torna-se possível graças à tecnologia de realidade mista, que compreende elementos de realidade virtual (RV) e de realidade aumentada (RA): enquanto a RV cria um mundo diferente, a RA inclui componentes que interagem com uma realidade existente.” 

“O metaverso envolve conexão entre pessoas que são representadas pelos seus avatares. Através da tecnologia, será possível interagir, marcar encontros e sair com alguém, entre outras atividades de lazer.” 

“Muitos têm dificuldade para entender — ou mesmo imaginar — o funcionamento do metaverso, uma vez que ele ainda não existe. No entanto, a sua chegada promete promover novos tipos de conexões humanas e inaugurar diferentes formas de trabalho, lazer e, até mesmo, viagens.” 

Lendo o que se segue, o meu espanto transformou-se em medo:

“Facebook (agora Meta) está à frente na corrida pelo desenvolvimento do metaverso. Por ser dona do WhatsApp, Facebook e Instagram, a Meta é dona de um dos maiores bancos de dados de identificação pessoal do mundo. Além disso, caso a compra de dispositivos de realidade mista seja efetivada, a base de informações que a Meta detém sobre os usuários tende a ficar ainda mais completa. Isso porque os aparelhos contam com tecnologia de rastreamento de partes do corpo como olhos, rosto e mãos. Logo, a empresa poderá ter acesso às características físicas e traços da personalidade de cada um.”

“O Tinder também quer embarcar no metaverso. O Match Group, empresa dona da plataforma de relacionamento, revelou que tem planos para introduzir experiências de namoro e flerting baseadas em avatares 3D na aplicação, disponível para Android e iPhone.”

“Nos próximos anos, o metaverso tornar-se-á cada vez mais prevalecente na vida diária. Empresas, empreendedores e todos os demais estarão procurando explorar a próxima grande onda tecnológica em que, em vez de gastar tempo num navegador ou domínio, os usuários ficarão completamente imersos num mundo virtual. Conforme os espaços se desenvolvem, a criptomoeda ajudará a alimentar a exploração da nova era. Quer seja a compra de um terreno digital ou a compra de algo simples como uma pele de avatar (também compraremos roupas virtuais para avatares), as criptomoedas serão, sem dúvida, uma forma primária de troca de bens e serviços no metaverso. A Bloomberg Intelligence estima que o tamanho do mercado para o metaverso pode chegar a US $ 800 bilhões em 2024.”

Agradeço a Chico Buarque de Hollanda, que me emprestou o título de "A flor de terra", de 1976, as fontes populares (https://www.techtudo.com e https://www.businessintelligencegroup.it) das que tirei as informações e os leitores - a quem ficaria feliz por ter proporcionado elementos de inquietação e até de diversão neste ano.

 

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Giuseppe Steffenino, natural do noroeste da Itália, está ligado a nós pela admiração que ele tem a Portugal e ao Alentejo em particular, onde, com a sua companheira, Manuela, foram salvos de um afogamento numa praia o ano passado. Aqui e ali a pandemia está a mudar a nossa maneira de viver e pensar. Esse médico com barba branca, apaixonado por lugares estrangeiros e um pouco idealista, interpreta este tempo curvo, oferecendo-nos os seus sonhos, leituras, viagens, lembranças, pensamentos, perguntas, etc.