28 Maio 2022      11:01

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O poder de decisão

Estavam sentados numa mesa redonda, olhando-se todos de forma circular e abrangente. O olhar de cada um conseguia alcançar todos os que ali se sentavam. Eram treze, sentados à mesma mesa de decisão. Dali saíam razões e decisões que implicavam e se refletiam diretamente na vida de pessoas comuns, como eu e como o leitor.

O poder de decisão tem essa mesma vertente de poder transformar vidas, de agir sobre o recipiente da decisão e de o poder fazer crescer ou decrescer na sua relação. Porém, o poder de decisão afeta também aquele que toma essas mesmas decisões.

Naquela mesa redonda, produziam-se argumentos, apresentavam-se sugestões, criavam-se divergências, geravam-se discussões e alcançavam-se consensos, ainda antes de se tomarem decisões. Dos 13, nem todo o poder era igual. Um detinha mais poder que os outros todos, embora não lhe coubesse a si a decisão cabal, mas sim a final. Abaixo de si, diferentes poderes. Abaixo da mesa de decisão, todas as casas onde essas chegavam.

Quantas histórias conhecemos já de mesas redondas, umas ficcionais e outras bem presentes na nossa vida. Desde pequeninos, as mesas e o poder de decisão acompanham cada um de nós. Na escola, é o Conselho de Turma que nos avalia, que determina o nosso percurso sempre dependente das decisões individuais de cada aluno.

Na idade adulta, quando os diferentes Conselhos regem todos, ou quase todos, os aspetos da nossa vida. Somos objeto das decisões de múltiplas entidades. E assim vivemos os nossos dias, esperando que essas mesmas decisões os tornem mais amenos, mais ambiciosos, mais seguros e mais prósperos.

Sendo esse o poder dos que decidem, é em nós que reside o maior poder de decisão. Sou eu e qualquer um que, mais que todos, temos esse poder de decisão. Decido que posso decidir e saber onde cabem as minhas decisões.

Vivesse eu num século passado ou neste mesmo, ou no futuro, sempre teria o poder de decisão. Como se fosse um dos treze, a mim se reserva a decisão final, pedindo ou não conselho a qualquer um dos outros, ouvindo, discordando, apresentando argumentos, chegando a consensos comigo mesmo e com aqueles que constituem esse meu núcleo de decisão. Assim se chega a uma decisão final. Assim se criam novos caminhos. Assim se cresce. É importante que todas as decisões se destinem a construção exterior e interior, procurando a menos colisão ou antagonismo.

Assim se decide, assim imagino que o fizessem os Cavaleiros da Távola Redonda, no seu reino de fantasia.