A tragédia de Valência mostra-nos algo que nunca vimos. As imagens que nos chegam são claramente insólitas e mostram-nos cenários e dramas completamente inimagináveis.
É verdade que já visualizamos muitas imagens de cheias. Cheias muito graves, com graus de destruição impressionantes. Com muitos mortos, também. Mas, com toda a sinceridade, parece-me que nunca vimos nada assim!
Todas as catástrofes que vamos vendo no Planeta parecem-me cada vez mais graves, com proporções cada vez mais brutais e impressionantes. Por vezes parece que a natureza (maltratada) quer tornar o planeta inabitável! Parece que a natureza quer expulsar a espécie humana do Planeta Terra.
E uma coisa é certa, o aquecimento global e as alterações climáticas, assim como a redução da biodiversidade e outras ameaças que pairam sobre os débeis equilíbrios ecológicos que, em termos práticos, suportam a fragilidade da vida no nosso planeta, são fenómenos que não podem mais ser ignorados e que constituem um gigantesco desafio para o qual a ciência, os decisores políticos, as empresas e os cidadãos, num prazo relativamente curto, terão de encontrar respostas eficazes.
Mas será que estamos a fazer algo para contrariar estas tendências? Será que os decisores e as populações estão verdadeiramente empenhados em contrariar estas tendências? Ou melhor, será que os interesses económicos são mais importantes que os interesses coletivos?
Tenho muitas dúvidas que a Humanidade esteja a corresponder aos desafios que lhes são colocados. Os egoísmos, baseados numa sociedade persisntemente materialista, ganham aos valores da ética e da responsabilidade coletiva.
Numa notícia relativamente recente da revista Visão referia que: as populações mundiais de vida selvagem caíram em mais de dois terços desde 1970 – uma tendência que não dá sinais de abrandar. As cinco principais ameaças à biodiversidade terrestre estão mais do que identificadas: as alterações na utilização da terra e do mar; exploração direta dos recursos naturais; alterações climáticas; poluição; e invasão de espécies invasoras.
Está cientificamente comprovado que a forma como os humanos têm ocupado o território é a maior causa da perda de biodiversidade que o planeta tem enfrentado nos últimos 50 anos. No total, três quartos de todo o ambiente terrestre e 66% do ambiente marinho foram alterados significativamente devido a ações humanas.
A crescente expansão agrícola, com mais de um terço da superfície terrestre a ser utilizada para cultivo ou para criação de animais, é um dos principais problemas para o Planeta. Com o crescimento populacional não me parece que esta tendência venha a abrandar.
É nas cinco principais ameaças à biodiversidade terrestre identificadas que temos que concentrar os nossos esforços e atuar de forma emergente.
Não fazer nada, significa que no curto prazo vamos ter cada vez mais e maiores catástrofes, e no longo prazo, podemos ser expulsos do Planeta!