26 Agosto 2021      12:12

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O Pisão já está! E agora?!

Há algum tempo atrás procurei estimular os responsáveis regionais com a pergunta sobre se a nossa ambição se esgotava no Pisão. Formalizada agora a assinatura do contrato de financiamento do Pisão, e estando por aí as próximas eleições municipais, parece ser boa altura para reflectir de novo nessa questão. Tanto mais que, ao que supomos, o Plano Estratégico Intermunicipal de Desenvolvimento Territorial, que será o guião orientador do futuro do Alto Alentejo para a próxima década, estará por aí a ser terminado. Sendo absolutamente fundamental que o Plano seja um bom Plano e se não «esqueça» de nenhuma das acções necessárias ao nosso desenvolvimento!

A circunstância de se terem conhecido recentemente os resultados, ainda que provisórios, do CENSUS, e se andar agora, imagine-se!, a elaborar o Plano Nacional Ferroviário , são também factores que tornam particularmente oportuna tal reflexão.

A confirmação «oficial» da acentuada redução de população na região, acima da média das outras regiões, torna ainda mais óbvia a necessidade urgente de intervir com medidas específicas de dinamização económica, como há tanto tempo vimos defendendo.

Já o ainda inexistente Plano Nacional Ferroviário, cujo início de elaboração se saúda, vem demonstrar o CRIMINOSO ABANDONO a que a ferrovia esteve votada nas últimas décadas, pode no entanto constituir uma boa oportunidade para a nível regional se consagrarem medidas necessárias, tais como a reactivação da Linha do Leste para passageiros, ou a integração de Portalegre na rede ferroviária nacional.

Pois, o próprio presidente da comissão encarregada de elaborar o Plano reconheceu publicamente que com uma estação a 14 Km da cidade, e com a frequência de comboios que tem, não se pode considerar que exista INTEGRAÇÃO da capital de distrito na rede ferroviária!

Diga-se porém que apesar de tal reconhecimento, as perspectivas de resolução destas questões que deixou no ar, não foram nada animadoras.

Como estamos fartos de dizer, tem de ser o Alto Alentejo a «mexer-se»! As decisões não caem do céu! O Pisão não caiu do céu! Após 50 anos de dúvidas e estudos, vai finalmente avançar porque a região se uniu nessa reivindicação!

Apesar da Sra. Ministra da Coesão, na cerimónia de assinatura do contrato de financiamento, embora não podendo deixar de mencionar as forças regionais, tenha colocado a tónica no empenho do Sr. Primeiro-ministro, a quem, lembrando até outros regimes, repetida e veementemente se referiu como «o nosso grande líder», penso ninguém poder duvidar que o «empenho» do nosso Primeiro Ministro, que sabemos ter existido e pelo qual devemos estar gratos, não teria acontecido se não fosse a união e pressão regionais!

Este é o exemplo, o caminho, que com persistência e determinação temos de seguir, para ir procurando consagrar as medidas indispensáveis ao nosso desenvolvimento, seja a ligação rodoviária entre a A23 e a A6, seja a aplicação de um Plano de Revitalização, seja a criação de um Fundo de Investimento Regional!

É OBRIGAÇÃO DE TODOS, em especial dos que se revelaram disponíveis para activamente participarem na vida pública e comunitária, unirem-se de forma suprapartidária em torno da defesa das medidas que reconhecemos fundamentais para o Alto Alentejo, tal como exemplarmente soubemos fazer para o Pisão!

Assim como conta a história do velhote que durante anos rezava diariamente para que lhe saísse a Sorte Grande, até que perto do fim da vida, já desgastado com o infortúnio, uma voz divina, vinda do céu, lhe sussurrou: «ao menos joga na lotaria, só assim te posso atender...»; também se nem sequer pedirmos as medidas que a região precisa, não esperemos que elas caiam do céu!

 

Jorge Pais Presidente NERPOR-AE

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Natural de Portalegre, onde reside, Jorge Pais preside ao Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR). Casado, com um filho, licenciou-se em Direito e tem formação complementar em economia. Jorge Pais é ainda vice-presidente da CIP.