Um líder sacrifica-se e faz-se sujeitar a coisas incríveis para defender os seus. Com humildade, foco na verdade e na realidade. Procura soluções e alianças. Prefere e procura sempre a cooperação como forma de engrandecer todos.
O ditador humilha os mais fracos. Sobrepõe a sua voz. Segue caminhos fáceis. É egoísta na estratégia. Limita a liberdade de imprensa. Sente necessidade de afirmar e dizer que tem o poder.
Ontem o choque tomou conta de todo o mundo ocidental. Assistimos, na Casa Branca, a um momento vergonhoso, de pura falta de respeito e completamente ofensivo para todo o mundo ocidental.
No encerramento da reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky, em que este participou a convite do primeiro, aconteceu algo nunca visto.
A Administração Americana perdeu toda a sua dignidade. Trump e JD Vance resolveram ofender e enxovalhar um Presidente, democraticamente eleito, um Presidente que representa todo um povo que está a ser oprimido, e pior, ofender um convidado na sua casa.
Enquanto Zelensky se mostrava líder, redobrando agradecimentos ao povo americano e quase suplicava a ajuda e apoio americano; num momento em que se mostrou disponível para ser extorquido nas riquezas do seu país em troca de apoio militar americano; num momento em que com humildade procurou ajuda para defender o seu povo e estancar a sangria que está a sofrer às mãos do opressor russo; após ter colocado o seu lugar à disposição, caso fosse isso solução para ter a América ao lado da Ucrânia, Zelensky não merecia ser tratado daquela forma.
Este episódio irá afetar ainda mais as relações bilaterais entre EUA e Ucrânia, mas suspeito que afetará também (ainda mais) as relações entre a UE e os EUA.
Trump tem feito tudo o que tem ao seu alcance para ser o novo ditador do mundo. Imperialista, desrespeitador do direito internacional, das democracias, da soberania das nações, da autodeterminação dos povos.
Obviamente este episódio desembocou numa onda de solidariedade internacional para com a Ucrânia e Zelensky. Obviamente todos os países condenaram a postura de Trump. Obviamente que todos se afastam cada vez mais da sua administração e do caminho que os EUA estão a fazer, só de Portugal e do Governo Português é que não há condenação.
É preciso assumir uma posição de condenação à administração americana. É preciso condenar e confrontar os ditadores. É preciso mais coragem na afirmação do projeto europeu e na defesa dos valores democráticos.
Concordo que a administração Trump não é a América, que o nosso acordo transatlântico é importantíssimo, mas Trump representa a américa, pois foi eleito pelos americanos. Tem estado mal em todos os capítulos, não apenas nos discursos, mas nas ações. Não podemos ficar calados a ver acontecer. É perigoso demais para tal.
Este é um caso em que não basta parecer, temos de ser!
O episódio ficará como uma página negra na história das Democracias Ocidentais e não dignificará o passado de liderança mundial da América.
Neste episódio é fácil concluir: Zelensky é um líder, Trump não passa de um déspota ditador!
Imagem de capa de Saul Loeb/AFP