16 Maio 2025      16:53

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O Alentejo na Expo Osaka 2025

O Alentejo esteve presente na Expo Osaka durante três dias (9,10 e 11 de Maio), mais precisamente no Pavilhão de Portugal, onde foram apresentados vários projetos culturais relacionados com a história partilhada entre Portugal e o Japão.

A delegação, organizada pela ADRAL com a designação Invest in Alentejo, integrou cinco municípios do Alentejo Litoral (Sines, Santiago do Cacém, Alcácer do Sal, Odemira e Grândola) e Vila Viçosa, assim como a CCDR Alentejo, Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo,  AICEP e CIMAL.

Considero que a comemoração dos “Dias do Alentejo” na Expo Osaka 2025 constituiu uma excelente oportunidade para promoção e divulgação do nosso território, dando conta das suas potencialidades e como espaço para o desenvolvimento de futuras estratégias de cooperação.

Como vantagem, na perspetiva de estabelecer futuras parcerias, temos uma ligação histórica com o Japão, que pode assumir-se como um fator preferencial em termos de negociação com potenciais investidores.

Para além de todas as potencialidades do Alentejo, a nível turístico, gastronómico, empresarial e do sector vitivinícola, o facto de existir um elo entre ambos os países, assente nas relações históricas, permite, na minha opinião, criar sinergias, determinantes para a consolidação de futuras parcerias.

A chegada dos Portugueses em 1543, o primeiro país ocidental a pisar o solo nipónico, pressupôs uma mudança social, política e cultural no Japão, com a introdução das armas de fogo e da tipografia, para além da influência cultural, ainda hoje presente na linguística. São centenas as palavras japonesas, com origem portuguesa.

Nas escolas japonesas, estes factos são lecionados e originam um sentimento muito efetivo em relação a Portugal, manifestado no carinho e afeto demonstrados em várias vertentes. No caso concreto do Alentejo, a passagem da Embaixada Tenshö pela nossa província, com as visitas a Évora e Vila Viçosa, grandes centros de decisão política de Portugal no século XVI, constituiu um momento alto nas relações entre os países.

Esta comitiva, organizada pelos Jesuítas, passou pelo Alentejo em 1584 e impressionou, quer os portugueses, quer os japoneses, que no caminho para Roma, aqui regressaram novamente em 1586.

Neste sentido, a apresentação do Alentejo e da sua história relacionada com o Japão pode constituir uma nova oportunidade para futuros negócios e investimentos, sempre com base na história que une os dois países. Este será seguramente um fator determinante.

A realização de encontros e reuniões, com diplomatas, empresas e instituições nipónicas, quer em Tóquio, quer em Osaka, permitiu dar a conhecer o desenvolvimento de vários projetos no que concerne a investimentos na área da energia, assim como a nível da cooperação para a área da investigação histórica, como por exemplo, a edição da obra “An Illustrated History of the Tensho Embassy”.

Este livro, da autoria do Prof. Japonês Genjiro Ito contêm vários capítulos dedicados à passagem da delegação pelo Alentejo em 1584 e será apresentado no próximo mês de junho. Constituirá uma excelente forma de divulgação do nosso território e da nossa história comum.

Por outro lado, foi também possível apresentar de forma geral as potencialidades do Alentejo a vários níveis, como espaço privilegiado para o acolhimento de vários projetos, desde o turismo à gastronomia, passando pelos sectores do vinho e das energias renováveis.

Em curso, encontram-se também alguns acordos bilaterais assentes em protocolos de geminação, com cidades como Omura e Nagasáqui, onde a herança cultural portuguesa ainda está muito presente. Os intercâmbios que estão em curso constituem excelentes oportunidades para a cooperação institucional e económica, constituindo uma oportunidade clara para a criação de mais investimentos a vários níveis.

Futuros projetos culturais de relevo, como Évora – Capital Europeia da Cultura 2027 constituem iniciativas bastante relevantes, que podem assumir-se como elementos atrativos para o Japão, em termos de captação de mais investimentos e uma maior dinamização turística.

A apresentação desta iniciativa e a sua projeção internacional no panorama cultural da União Europeia assume-se como uma referência que poderá ter um impacto muito positivo nas relações com o Japão, estando prevista a integração das relações históricas luso-nipónicas na programação cultural que está a ser planeada.

A importância geoestratégica do Porto de Sines como porta de entrada e saída de trocas comerciais através do Atlântico com os EUA e América do Sul foi outros dos temas abordados no decurso dos encontros que foram mantidos, assim como o dossier de candidatura de Vila Viçosa a Património Mundial da UNESCO, processo que se encontra em curso e que necessita de apoio internacional para o seu reconhecimento e validação.

O património cultural alentejano, com destaque para o Órgão da Sé de Évora, os manuscritos da Biblioteca Pública de Évora e o Paço Ducal de Vila Viçosa representam fatores de grande importância para a captação de mais públicos japoneses no Alentejo, permitindo potenciar ainda mais os fluxos turísticos.

É necessário avançar com mais estratégias de divulgação e de promoção, tal como foi efetuado na Expo Osaka, ferramentas estratégicas para dar a conhecer ainda mais o nosso país e a nossa região junto do mercado japonês, E este planeamento pode conduzir à concretização de outros projetos de âmbito económico, que tragam vantagens para ambos os países.

Por outro lado, a troca de experiências entre os autarcas presentes assumiu-se como um espaço de partilha e de diálogo, sempre benéfico para quem exerce funções públicas, em termos de aprendizagem. Os concelhos do Alentejo que estiveram presentes podem beneficiar com a possível e desejável concretização de investimentos, baseadas nas relações históricas entre os dois países, fator que é determinante para o desenvolvimento de parcerias em diferentes setores, com destaque para o turismo, sendo notório o crescente interesse sobre Portugal no Japão.

A história tem por vezes a capacidade de aproximar os povos e a relação secular entre os dois países pode constituir uma janela para várias oportunidades no que concerne à exportação e valorização de produtos portugueses, assim como à captação de mais investimentos em ambos os contextos. O reforço da abertura do mercado japonês aos produtos portugueses deve ser uma das prioridades a negociar com as entidades competentes.

As relações institucionais são feitas por pessoas e nada melhor que o contacto direto para um maior conhecimento mútuo e o estabelecimento de pontes e de diálogo entre todos os intervenientes, na sua qualidade de representantes de instituições e organismos.

Uma palavra final de agradecimento à ADRAL e a todas as outras entidades envolvidas pela conceção e planeamento desta iniciativa, que pode constituir um marco efetivo na maior aproximação entre o Alentejo e o Japão em diversas vertentes. Provou-se mais uma vez que o trabalho coordenado, em equipa, permite alcançar resultados concretos, neste caso concreto em prol da nossa região.