13 Dezembro 2020      11:48

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As normas de Denver e o desenvolvimento motor entre um mês e seis anos de idade

As normas de Denver permitem avaliar o desenvolvimento motor de crianças com idades entre um mês e seis anos.

Através do teste de Denver II é possível identificar os ganhos contínuos que a criança adquire ao nível das suas competências sociais/relacionais, linguagem e motricidade grossa e fina (Frankenburg et al., 1992). Deste modo, espera-se que aos quatro meses de idade a criança possa evidenciar controlo da sua cabeça.

A partir dos sete meses pode manifestar-se a coordenação manual que faz com que a mesma comece a pegar em objetos de menor dimensão. Por volta dos três anos e meio já é esperado que a criança consiga fazer círculos e rabiscos com uma caneta sobre uma folha de papel. Pode começar a mover-se de forma mais autónoma entre os seis e os dez meses, gatinhando, e a explorar espaços e distâncias ao seu redor.

A partir dos sete meses, pode começar a recorrer a apoios para iniciar a posição bípede e a partir do primeiro ano de vida a sua independência no caminhar começa a revelar-se. Aos dois anos de idade é esperado que as crianças subam escadas, corram e saltem, mostrando cada vez mais a sua independência motora que motiva os seus movimentos espontâneos (Leisman et al., 2016; Papalia et al., 2009).

Com a preocupação de detetar crianças com problemas no desenvolvimento psicomotor em regime ambulatório, Moraes et al. (2010), avaliaram o desenvolvimento neuropsicomotor de 35 crianças entre os 0 e os 6 anos de idade através da prova Denver II. Este estudo verificou que a maioria das crianças apresentavam um desenvolvimento normal para a idade. Porém, 7 crianças avaliadas mostravam algum comprometimento no desenvolvimento, visto não realizarem atividades já executadas por mais de 90% das crianças com idade similar e 18 não efetuavam atividades já concretizadas por 75% a 90% de crianças com a mesma idade.

De acordo com estes resultados, existe a necessidade de uma avaliação precoce das capacidades motoras das crianças que poderá ajudar a identificar se possíveis problemas pré-natais, perinatais, dificuldades físicas, de comportamento, atrasos ou alterações no desenvolvimento, originam as suas dificuldades.

Superadas as limitações motoras, as crianças podem produzir uma diversidade de movimentos e ações que combinam experiências, integram sensações e permitem interações com os mais diversos agentes do seu meio que fomentam a sua criatividade psicomotriz.

 

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Lídia Serra é Doutora Internacional em Neuropsicologia pela Universidade de Salamanca. 
Docente de Neurociências e Neuropsicologia do ISEIT – Instituto Piaget de Almada; Docente da UC de “Niveles Táctiles, Motricidad, Lateralidad y Escritura” e Diretora de TFM do Máster en Neuropsicología y Educación da Univerisdad Internacional de la Rioja, Espanha. Membro do Centro de Investigação CLISSIS da Universidade Lusíada de Lisboa.