A palavra Natal provém do latim “natalis” e que deriva do verbo nascer (nāscor).
Nem sempre o dia 25 de dezembro foi dia o de Natal, o dia em que se celebra o nascimento de Jesus, a data terá sido mesmo instituída pelo Papa Júlio, no séc. IV.
Em 273 o Imperador Aureliano estabeleceu o dia do nascimento do Sol invencível em 25 de dezembro. Após a cristianização do Império romano, com o imperador Constantino - que governou entre 306 e 337 – decidiu-se fixar esta data como a data do Natal, como defende Ramón Teja, professor emérito de História Antiga da Universidade de Cantábria, Espanha, especialista em história do cristianismo e presidente de honra da Sociedade Espanhola de Ciência das Religiões.
Quanto à data do nascimento de Jesus, não existe nenhuma referência histórica.
O mês de dezembro é um mês de celebração e significado para os humanos já desde tempos ancestrais, devido ao solstício de Inverno.
Na antiga Mesopotâmia, era celebrado o “Zagmuk”, uma festa pagã em que um homem era escolhido para ser sacrificado de modo a acalmar os monstros que despertavam no final do ano.
Na era arsácida, por volta do século III a.C., celebrava-se a “Yalda”, na noite mais escura e mais longa do ano, a do solstício de inverno, junto a ciprestes que eram decorados e iluminados e à volta dos quais eram deixados presentes.
A palavra “Yalda” é síria e provem da língua persa, sendo o seu significado o de nascimento, neste caso de Mitra, a quem se prestava o culto solar, e que se terá propagado por toda a Ásia Menor, Médio Oriente e norte de África.
No Irão, ainda hoje se celebra a noite de Yalda a 21 de dezembro e é uma noite em que as famílias e/ou grupos de amigos se reúnem e festejam comendo nozes, melancia e romãs, frutas que ainda restam do último verão, ficando acordados até tarde para enfrentar as forças do mal na noite mais longa do ano.
Já os escandinavos celebravam o Yule, o dia em que a Criança do Sol renasce, a data que assinala o retorno de toda uma nova vida através do amor dos Deuses. Segundo a Tradição Nórdica, o Yule, ou Jull, era mesmo considerado o Ano Novo, a luz no mundo das trevas.
Havia festivais que se comemoravam quase do mesmo modo do Natal atual, com casa enfeitadas com ramos verdes, comida, árvores enfeitadas etc. numa homenagem à natureza e com oferendas aos deuses. Sendo o fogo o elemento central, símbolo da luz e de vida, faziam-se também fogueiras comunitárias, tudo para iluminar a noite mais escura do ano.
No paleolítico esta data também era celebrada e foram erguidos monumento em honra do solstício como, por exemplo, Stonehenge.
Os romanos pré-católicos celebravam o Deus Saturno, as festas saturninas e que eram um período em que ninguém trabalhava, se ofereciam presentes, se visitavam os amigos e até alguns escravos recebiam permissão temporária para fazer tudo o que lhes agradasse.
Para se impor com mais facilidade, e dada a dificuldade devido à popularidade das saturninas, o cristianismo acabou por misturar a sua celebração com o festejo pagão do nascimento do Sol, transformando-o na celebração do nascimento de Cristo.
Mas também do outro lado do Atlântico, no México, descobriu-se com a chegada dos europeus, já no séc. XV, que também as civilizações nativas celebravam esta data em honra do solstício e do nascimento do deus Huitzilopochtli. Também aqui esta era uma época do ano marcada pela generosidade, reuniões familiares para comer, sempre esperando que o deus renascesse do submundo para voltar à Terra.
Não deixando de ser uma festa religiosa, o Natal, tal como o hoje o conhecemos e celebramos, é uma festa que mistura tradições de muitas origens, anteriores a Jesus, celebrando todas elas a luz, a fraternidade e solidariedade entre família, amigos, povos.
Em Portugal, foi com D. Fernando II (Ferdinand August Franz Anton von Sachsen-Coburg und Gotha) de origem alemã, segundo marido da Rainha D. Maria II e Príncipe Consorte de Portugal entre 1836 e 1837, quem terá trazido a tradição natalícia para Portugal.
Fernando era primo de D. Alberto, casado com a Rainha Vitória do Reino Unido, e ambos foram responsáveis pela disseminação das tradições natalícias germânicas, quer em Portugal, quer na Grã-Bretanha.
Em Portugal, foi Fernando II o responsável pela montagem da primeira árvore de Natal para a esposa e para os seus 11 filhos, tendo ainda distribuído presentes vestido de São Nicolau, com trajes verdes e brancos.