12 Fevereiro 2021      12:26

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Não tenho emprego! E agora?

A melancolia dos dias, provocada pela ausência de contacto com familiares e amigos, com o corte repentino com a rotina, ou com a excessiva pacatez das cidades vazias e cinzentas representa um impensável desafio prestes a celebrar o seu primeiro aniversário. Do ponto de vista psicológico, vivenciar um período de pandemia pode ser uma enorme provação, que alguns conseguem encarar como a forma de acertar contas com a biblioteca lá de casa ou desenvolver o projeto de bricolage pendente há algum tempo. Mas para alguns, a instabilidade e incerteza quanto ao futuro profissional poderá ter um peso absolutamente avassalador, potenciando um sem número de perturbações físicas e psicológicas que poderão ter um impacto muito significativo na forma como passaremos a lidar com o quotidiano pós-pandemia. Se numa primeira fase existiu um sentimento de negação face ao que está a acontecer, passados todos estes meses o sentimento quase generalizado é o de resignação e revolta pela impossibilidade de regressar ao ativo.

Não existe uma fórmula mágica para se encontrar um novo desafio profissional, mas há condições favoráveis para que o tempo de procura seja menor. Para além de uma pitada de sorte, basta estarmos atentos a algo com que lidamos diariamente, a tecnologia. Se esta deu e continua a dar resposta a algum tédio decorrente do confinamento, está na hora de a pôr a trabalhar a favor da procura de emprego e da valorização pessoal. Sendo o Século XXI marcado pela facilidade de obtenção de mais e melhor informação, é perfeitamente natural que a busca por mais e melhor conhecimento faça parte do dia-a-dia de quem procura emprego. É preciso saber que essa informação existe, é preciso saber procurá-la e é preciso saber absorve-la como conhecimento.

A busca pelo conhecimento como modo de vida…

Apesar do autodesenvolvimento (ou formação informal) ser um tema utópico para alguns, existem exemplos concretos que merecem menção. Um dos maiores empregadores da região do Alentejo tem capital maioritariamente espanhol e apesar de não ser obrigatório usar este idioma no quotidiano de trabalho, alguns dos acionistas, muito assíduos nas instalações da empresa, não sabem falar português. Consciente de que esta realidade pudesse jogar a seu favor, um candidato a uma função de chefia apresentou-se com um conhecimento fantástico acerca da empresa, assim como um nível de castelhano que, apesar de não ser muito avançado, era suficiente para manter uma conversação fluida. Quando lhe perguntaram como é que havia aprendido o idioma, o candidato respondeu que se tinha dedicado a estudá-lo através de vídeos em plataformas online, com o objetivo de poder manter uma conversa com os responsáveis da empresa, caso tivesse essa oportunidade. O esforço para falar a língua materna de outra pessoa é uma das formas mais simples de criar empatia, e isso foi claramente valorizado: ainda que existissem candidatos mais sólidos do ponto de vista técnico, a escolha recaiu sobre este autodidata, provando que a aposta num pormenor do seu desenvolvimento pessoal e profissional mudou o rumo da entrevista.

Naturalmente que nem toda a informação disponível online é interessante, relevante ou mesmo credível. Ajustar os conteúdos disponíveis online às lacunas que identificamos no nosso leque de competências é um trabalho minucioso, e para o qual devemos despender o tempo suficiente para se garantir um bom nível de conhecimento. Tendo em conta que situações como as descritas acima infelizmente são raras, restam poucas dúvidas de que apostar na formação informal pode ser um fator verdadeiramente diferenciador, num mercado de trabalho cada vez mais competitivo pela força das circunstâncias.

Seja no aumento da cultura geral, no aumento do número de idiomas falados ou na destreza com ferramentas informáticas, a busca constante pelo conhecimento como modo de vida trará dividendos a curto, médio e longo prazo, constituindo um dos principais eixos diferenciadores no mercado de trabalho atual.