10 Novembro 2019      11:23

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Mudanças

O sonho tornou-se o pesadelo. Durante cinco dias, o meu coração implora por ar, chorando desamparadamente. É um ciclo. Um ciclo onde os meus olhos aprenderam a embaciar, as minhas mãos insistem em comandar uma orquestra irrequieta e, a minha face, é colorida pela cor mais triste que conheço. Todas as vezes em que pedia para o tempo passar mais devagar, que pedia à vida para não correr tão depressa, imploro agora, de joelhos, para que a semana passe rápido. Suplico para estar no meu lar. Onde o meu coração se sente quente. Para vocês que não me conhecem, eu apresento-me. Sou a Rita, tenho dezoito anos, e sou caloira no curso de Português na Universidade de Coimbra. É tudo aquilo que têm de saber sobre mim neste momento. Porquê Coimbra? Porquê cinco horas de casa? perguntam vocês. Sinceramente, passado três meses, ainda não encontrei a resposta. Na minha opinião, existe uma espécie de feitiço em volta do nome dessa cidade que outrora me fazia sentir borboletas. Cá, na suposta terra com encanto, fiz uma nova amiga. Passamos dias inteiros juntas, embora eu só a veja refletida no espelho. Ela, tem a alma doente como eu. Está em sofrimento, como eu. Estamos as duas sozinhas perdidas e isoladas. É irónico, isto tudo, sabem? Passamos uma vida inteira a ansiar uma mudança, uma transformação, algo novo e, quando ela chega, damos por nós, infelizes, pedindo que se vá embora.

 

Escrevi o texto acima há precisamente quatro dias.

Encontro-me no autocarro neste momento, lugar que passou a ser a minha segunda casa, a refletir sobre esta semana, que, por acaso, passou depressa.

Descobri que precisava do meu refúgio de sempre para poder voltar a viver: a escrita. A mudança não é uma “coisa” má, nunca foi, nunca será. Temos que aprender com ela. Tudo tem que evoluir, nós principalmente. Ao final do dia continuo a ser a mesma pessoa. Com rotinas diferentes, mas a mesma pessoa, com o mesmo coração, com a mesma ambição e garra. Creio que vou ter semanas más, mas todos precisamos.

Como alguém especial uma vez me disse, “os jardins não nascem de um dia para o outro”.

Sejam fortes, por vocês. Lutem por vocês.

Se não o fizerem, ninguém o fará.

“O segredo da mudança é o foco, não na luta contra o velho, mas na construção do novo” - Sócrates

 

Por Rita Medinas, natural de Reguengos de Monsaraz, com dezoito anos e estudante do Curso de Português na Universidade de Coimbra.