12 Março 2025      14:49

Está aqui

Montenegro demitiu-se

Ontem ficou claro que o Primeiro-ministro assumiu uma estratégia suicida para o Governo e decidiu atirar o País para novas eleições, independentemente dos impactos desta decisão.

Será que Luís Montenegro assumiu propositadamente a sua falta de transparência e este combate perdido à partida para prejudicar deliberadamente o País? Acredito que não. Mas não há dúvidas que preferiu atirar o País para Eleições a continuar a ser exposto nas muitas questões empresariais ainda por esclarecer.

Luís Montenegro e a sua falta de transferência são um profundo ato de egoísmo para com o País e os Portugueses, sobretudo num momento terrível a nível internacional (no qual todos devíamos estar focados).

É caso para dizer que: Quem não deve, não teme!

Mas é igualmente verdade que assistimos ontem a um vergonhoso espetáculo na Assembleia da República Portuguesa, com um ataque múltiplo entre todos os Partidos, com um teatro inimaginável do Governo e do PSD.

Ao longo de um ano o Partido Socialista foi mesmo o adulto na sala.

Foi graças a isso que:

  1. Tivemos que ajudar na eleição do Presidente da Assembleia da República (depois de acordo com o Chega ter caído);
  2. Foi o PS que permitiu a aprovação do Programa de Governo do PSD;
  3. Foi o PS que permitiu a aprovação do Orçamento do Estado para 2025;
  4. Foi o PS que reprovou a Moção de Censura do Chega e
  5. Foi o PS que impediu a Moção de Censura do PCP na passada semana.

Depois de tudo isto como pode Luís Montenegro ser tão incauto, tão irresponsável, tão egoísta?

O PS foi no último ano um líder da oposição responsável, contributivo e construtivo. Fomos oposição clara a este Governo e não parceiro de coligação do PSD, mas isso não nos impediu de aprovar propostas importantes para o país, como sejam o aumento das reformas dos pensionistas.

No entanto, o PS, com quase 52 anos de história democrática, não é o pano de limpar o chão do PSD.

O PS merece mais respeito, e acima de tudo, os portugueses merecem ainda mais.

Perguntamos todos:

  • Se a iniciativa, da Moção de Confiança, estava do lado do Governo, porque não reuniu antes com o Partido Socialista para procurar um entendimento?
  • Porque não esclareceu o Primeiro-ministro tudo de uma vez sobre a sua atividade empresarial?
  • Porque refuta a Comissão Parlamentar de Inquérito e prefere eleições?
  • Se o País está primeiro, porque não retirou o Governo a Moção de Confiança que sabia de antemão que estava reprovada?

Na verdade, a resposta é simples:

- O Governo perdeu a confiança dos portugueses porque não houve Sentido de Estado do Primeiro-Ministro.

Porque o PSD não teve coragem de lhe fazer frente e dar preferência ao País.

Montenegro precisava de ter o Sentido de Estado que Pedro Nuno Santos mostrou em vários momentos-chave da nossa vida política ao longo deste último ano.

No final do dia, e para a história, fica a instabilidade provocada pelo Governo e um País que vai a votos sem vontade. Um País que vai a votos para as Eleições Legislativas, marcadas em breve pelo Presidente da República (que lamentavelmente nada disse e nada fez para mediar esta situação). Um País que vai a votos a seguir para as Eleições Autárquicas, em outubro. Um País que vai a votos no início de 2026 para as Eleições Presidenciais.

Deixo um desejo profundo: que estas sejam eleições clarificadoras e geradoras de pontes e de estabilidade para Portugal e para os Portugueses.