18 Fevereiro 2018      12:35

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MONTADO PODE SER ARMA NO COMBATE ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

O montado alentejano é único e é um ecossistema típico das regiões mediterrânicas e pode ser uma das armas contra as alterações climáticas.

Quem o defende é Pedro Azenha Rocha, o responsável no Alentejo pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) por o montado ser um ecossistema mais resiliente aos problemas causados pelas alterações climáticas.

O montado é um pouco de tudo: agricultura, gado e azinheiras e sobreiros em estado selvagem. A relação entre estes agentes permite assim, como referiu à Lusa, que a terra acumule maiores quantidades de matéria orgânica e água no solo.

Os fogos florestais fazem aumentar, e muito, a libertação de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. Este gás é responsável pelo efeito de estufa e é aqui que o montado é um forte aliado. Mário de Carvalho e Carlos Pinto Gomes, investigadores do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM) da Universidade de Évora (UÉ) corroboram a opinião de Pedro Azenha Rocha, e defendem que, por se adaptar à passagem do fogo, em caso de incêndio, e por nunca chegar à intensidade de fogo a que chegam outras árvores, o sobreiro e o montado podem ajudar a reduzir o dióxido de carbono na atmosfera. A juntar a isto, ocorrer o facto de ser mais fácil combater um incêndio em montado que, por exemplo, num eucaliptal ou pinhal.

Os cientistas acham provável que o montado venha a ganhar espaço no centro e norte de Portugal, dado o aumento da temperatura e redução da pluviosidade, mas não sem antes existirem alterações no ordenamento do território.

Mas não há só boas notícias, o montado alentejano está cada vez menos denso e mais velho, pelo que urge criar condições para salvaguardar a regeneração natural, diminuindo, por exemplo, a carga de pastoreio e o uso de maquinaria.

Existem já projetos europeus para promover a adaptação do montado nacional e da "dehesa" espanhola às mudanças do clima, o LIFE "Montado-Adapt", a funcionar em Portugal e Espanha, e com perto de 2 milhões de euros de investimento de fundos comunitários, e que pretende procurar novas utilizações do montado além das tradicionais lenha, bolota, cortiça e pecuária.

 

Imagem de portugalnummapa.com