3 Junho 2018      13:25

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Medley

Medley pode ser, por definição, “um formato musical em que várias músicas são misturadas, de modo harmônico, dentro de uma única canção” e é disso que trata este texto pois esta semana de loucos a isso convida.

Já passava da uma e trinta da manhã quando abandonamos o recinto das festas da Santíssima Trindade na Batalha. Foi ao som dos inúmeros “madley’s” da Banda KROLL que terminou o nosso segundo dia do congresso do partido socialista. Sim foram mesmo quatro horas de concerto e foi mesmo bom ouvir cantar e tocar tão bem Tina Turner.

Sei bem que o segundo dia do congresso do partido socialista estava prenhe de coisas diversas, de emoções e de discursos que não queriam falhar o tom, o ritmo, o conteúdo e o tempo. Como diz John Rawls, “um sujeito que é membro duma instituição (sociedade) sabe o que é que as regras aplicáveis exigem dele e dos outros. Sabe igualmente que os outros também sabem disso, tal como sabem que o sabe e assim sucessivamente… há uma base comum para determinar as expectativas mútuas.” E o segundo dia do congresso do meu partido socialista, correu dentro do que estava previsto, as intervenções que eram apontadas como “a seguir” não falharam as espectativas que lhes estavam associadas.

A família Oliveira, coração da Banda KROLL, marcou uma noite num recinto que poderia ser em qualquer vila, aldeia ou cidade de Portugal. O palco, o enorme espaço empedrado, a quermesse que não nos deu mais do que um livro simples que tem o titulo de “Evolução Mental” de Miguel Santos (1977), o balcão das minis e o pós-moderno barraco do gin eram os marcos de um espaço onde se dançava e onde se convivia sem congresso.  E nós, delegados de Odemira, convivíamos uns com os outros como há muito não o fazíamos.

No último dia a intervenção de Ana Catarina Mendes que nos remeteu, a nós todos, para a nossa condição de militantes de uma ideia de sempre (todos os dias sem exceção): termos o dever de contribuir para a melhoria das condições de vida de todos. Foi forte e foi mobilizador.

Fechou António Costa que falou de nós que estivemos ali a discutir política e a conviver, de nós que fomos aquele concerto que poderia ser Portugal inteiro e onde estão as pessoas que significam o trabalho do partido socialista. Falou das saudades que vamos sentir ao partir e da vontade enorme que teremos em voltar.

Fechou António Costa que comunicou futuro, falando para e sobre os jovens. Convocou Portugal todo para criamos as condições que levem os nossos jovens, que partiram, a voltar. Se queremos ter futuro enquanto país temos que o fazer e só o faremos que dermos aos nossos jovens as condições para que, em liberdade, possam optar por viver entre nós. “Para termos os melhores temos que lhes pagar como se fossem os melhores” e isto diz tudo o que eu tenho para dizer.

Durante a semana (esta semana) o parlamento chumbou a eutanásia com o país condicionado por uma propaganda, que devia ser criminalizada, onde pontificaram cartazes com dizeres execráveis como “por favor não matem os velhinhos” e “a eutanásia mata”.

A Itália andou entretida entre formar governo e não formar governo até formar governo no final da semana. Agora temos, na europa, mais um governo que não é constituído por partidos tradicionais, e sim, por partidos radicais que se dizem contra aquilo que vão fazer: governar o sistema de regras que constitui a sociedade italiana.

Em Espanha venceu uma moção de censura apresentada pelo partido socialista operário espanhol e agora teremos um governo liderado por um partido que tem 84 deputados num parlamento de 350 deputados. Diz, Pedro Sanches, que Espanha vai escrever uma nova página da sua democracia. Sinceramente não tenho dúvidas disso e talvez seja mesmo inspirador este nosso modelo nacional que António Costa deu ao país.

Assim, esta foi uma semana, que começou de forma inspirada e com António Costa a projetar futuro e tranquilidade, viveu enorme turbulência a nível europeu e terminou com a vitória de um projeto de governo que poderá ter António Costa como base de inspiração.

Bem, esperemos que isso seja suficiente para inspirar uma Europa que agora precisa de se afirmar mais do que nunca num contexto onde a rutura no acordo nuclear com o Irão e a imposição de taxas à importação de aço e alumínio proveniente da união europeia marcarão os próximos tempos. E é isto que tenho a dizer sobre a semana que agora termina, bom fim de semana a todos e todas…