12 Junho 2022      10:10

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As mães estão em perigo!

Há 38 anos que a mortalidade materna não era tão elevada. Em 2020 morreram 17 mulheres por complicações da gravidez, parto ou puerpério. Face aos números, dramáticos, a DGS criou uma equipa de especialistas para investigar as causas, já que ocorreram maioritariamente em instituições de saúde, ainda não há resultados ou conclusões, mas parece claro para vários especialistas que a "degradação dos cuidados obstétricos", o aumento da idade da gravidez e de grávidas "com patologias", são algumas das causas óbvias.

Há quase quatro décadas que a mortalidade materna não era tão elevada. Segundo dados do INE é possível afirmar que só em 2020, morreram 17 mulheres por complicações da gravidez, parto ou puerpério, ou seja, o período que vai desde o nascimento até um mês e meio depois. É a percentagem mais elevada em 38 anos. Nesse ano negro para a mortalidade materna, oito mortes ocorreram durante a gravidez, uma durante o parto e oito nos 42 dias seguintes ao parto, de acordo com informação veiculada na comunicação social.  

Certo é que das 17 mortes, 13 aconteceram em instituições de saúde, sendo que a maioria das mulheres tinha entre 35 e 44 anos. A região Norte e a Área Metropolitana de Lisboa foram as regiões mais afetadas. A taxa de mortalidade materna atingiu, em 2020, 20,1 óbitos por 100 mil nascimentos. Temos de recuar até 1982, para encontrar um número mais alto. Os dados do INE mostram que, nessa altura, por cada 100 mil partos, morriam 22,5 mães. De acordo com o mesmo Instituto, a taxa mais baixa de mortalidade materna registou-se no ano 2000, com 2,5%.

Independentemente do apuramento das causas, uma coisa é obvia: a redução da qualidade dos cuidados de saúde (generalizada) causados por uma escassez generalizada de recursos humanos e materiais. E esta é uma tendência acentuada pelo socialismo, que além de não ter tido a capacidade de cumprir as suas próprias promessas eleitorais, mais grave que isso, nem foi capaz de manter o mesmo nível de prestação de cuidados médicos, nem tão pouco a capacidade de reter o pessoal de saúde no SNS.

A atividade hospitalar foi “fortemente afetada” pela pandemia de covid-19 em 2020, demonstra o mais recente relatório do INE sobre estatísticas na saúde. O número de atos assistenciais prestados sofreu “quebras sem precedentes”, com as urgências e os internamentos a registarem os valores mais baixos desde 1999. O serviço hospitalar mais afetado foi a urgência: realizaram-se menos 2,4 milhões de atendimentos nos hospitais portugueses do que em 2019. Trata-se de uma diminuição de 29,6% em relação ao ano anterior. O impacto é visível também no número de cirurgias, nas consultas médicas e nos atos complementares de diagnóstico e/ou terapêutica efetuados nos hospitais. Realizaram-se 858 mil cirurgias em bloco operatório, o número mais baixo desde 2008 e que traduz uma redução de 17% face a 2019 (menos 176 mil cirurgias). Quanto às pequenas cirurgias, realizaram-se 149 mil, o que representa um decréscimo de 55 mil relativamente ao ano anterior, uma quebra de 27%. Houve menos 2,7 milhões de consultas em meio hospitalar, menos 12,7% do que em 2019, para um total de 18,4 milhões.

Sabemos que o número de médicos e enfermeiros continua a subir. Portugal contava com 57.198 médicos em 2020, um aumento de 3,2% relativamente a 2019. Este valor tem subido consecutivamente desde 2004. Do total de médicos inscritos na Ordem, 26.249 trabalhavam num hospital (46%), menos 0,6% do que no ano anterior. Nos últimos 20 anos, a proporção de médicos a trabalhar nos hospitais tem diminuído: eram 58,2% em 2000.

E é esta reflexão que o governo tem adiado! Formamos médicos, mas o SNS não é atrativo para os fixar! Temos de perceber as causas.

O número de enfermeiros também subiu 2,9% face a 2019. Estavam inscritos na Ordem 77.984 profissionais em 2020, número que segue uma tendência de crescimento de forma contínua desde 1999. Mais de metade dos enfermeiros (61,9%) trabalhavam num hospital (48.255) em 2020, representando um aumento de 2% em relação a 2019. O número de enfermeiros a trabalhar nos hospitais portugueses diminuiu até 2014 e a partir do ano seguinte passou a aumentar continuamente.

O relatório indica ainda que os hospitais públicos ou em parceria público-privada continuaram a ser os principais prestadores de serviços de saúde em 2020: asseguraram 83,2% dos atendimentos em urgência, 74,9% dos internamentos, 69,6% das cirurgias em bloco operatório e 65,1% das consultas médicas.

Num total de 241 hospitais no país, 113 pertenciam aos serviços oficiais de saúde em 2020. São menos 14 hospitais do setor público do que em 2010. Quanto aos hospitais privados, estavam em funcionamento 128, mais 26 do que em 2010.

A mortalidade materna está a subir e tal facto deveria ser um grito de alerta! Temos de ter a capacidade de perceber as causas e atuar rapidamente! A reflexão impõe-se com urgência. As mães portuguesas estão em perigo!