27 Setembro 2016      16:36

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LOOM, QUANDO O ALENTEJO É DE "EXCELÊNCIA"

A Associação Alentejo de Excelência lançou o mote este ano e gerou o debate em relação ao problema do despovoamento no Alentejo. Para o efeito reuniu especialistas e acabou por transformar esse debate na procura de soluções que transformou em concurso de ideias a que chamou Start & Go, numa parceria com o Grupo Águas de Portugal. O Start & Go foi um desafio à sociedade civil que, e segundo a organização, pela voz de Henrique Sim-Sim,  "cumpriu plenamente os seus objetivos, ao colocar na agenda pública o tema do despovoamento e ao ativar a sociedade civil na procura de propostas para minimizar este fenómeno".

A elevada participação de empreendedores e de projectos pareceu um sinal positivo como resposta. Foram mais de 50 as ideias candidatas, tão dispersas geograficamente que chegaram tanto do Alentejo, como do Brasil, Inglaterra e Macau, locais onde "estão alguns alentejanos ou empreendedores que quiseram contribuir para a minimização deste problema."

Após a selecção das 10 melhores propostas o júri do concurso, que incluiu representantes de relevantes entidades do Alentejo, nomeadamente a Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo, o Núcleo Empresarial da Região de Beja, a Turismo do Alentejo, a Águas de Portugal e o projeto Novos Povoadores, acabou por atribuir o prémio à LOOM New Tradition, da empreendedora Tânia Neves.

Este projeto, ao valorizar e acrescentar valor a toda uma cadeia de valor - a produção de lã e a fiação tradicional do Alentejo -, com possibilidade de crescer e escalar, permitirá certamente fixar populações e atrair novos talentos, defendeu então Henrique Sim-Sim.

Para Tânia Neves, a empreendedora e promotora da LOOM New.Tradition, natural de Évora e designer, uma das formas que pode ser usada no combate ao despovoamento é precisamente "defendendo as tradições artesanais que tanto dizem sobre um povo e a sua história."

E à pergunta se o Alentejo é bom para os empreendedores, Tânia Neves reconhece que se trata de um território excelente para novos empreendedores, que oferece um potencial imenso que necessita urgentemente de ser explorado. A empreendedora considera que as maiores dificuldades são efectivamente a falta de apoio ao acesso ao incentivo financeiro e a falta de visão por parte das autarquias. 

"No caso da cidade de Évora (que todos os anos atrai milhares de turistas, o turista cultural) falta a capacidade de surpreender e promover uma maior dinâmica em outras áreas, que não sejam apenas a música e o teatro, para além disso, a cidade está muito "agarrada" à riqueza do Centro Histórico, que é muito, mas só isso não chega. Poderia por exemplo convidar artesãos e designers em fixar as suas oficinas/ateliers no centro histórico e incentivar parcerias cujo objectivo fosse inovar no que de melhor sabemos fazer, como é o caso da tecelagem, da olaria, cestaria, etc.", conclui.

A LOOM, o projecto que lhe está subjacente, surgiu em Abril de 2015, no âmbito de uma formação (promovida pelo IEFP e pela Fundação Eugénio de Almeida) em empreendorismo, para jovens licenciados em situação de desemprego. O projecto já estava pensado, mas foi na formação que foi estruturado. 

Tânia Neves recua ao tempo em que esteve desempregada, quando começou por confeccionar capas em burel para adultos e crianças com a ajuda de uma costureira que conheceu numa outra formação (promovida pelo IEFP) de costura e confecção, também para desempregados.

"As capas em burel foram um sucesso durante a época de Natal, mas por ser um material serrano, assim como o facto de já estar a ser explorado por outros designers, levou-me a procurar um outro material, e pensei, porque não explorar a manta alentejana?!" refere.

Depois de vencer o prémio da Alentejo de Excelência, Tânia começou a trabalhar no plano de desenvolvimento da ideia de trabalho e aplicou o prémio monetário numa nova colecção que a LOOM New.Tradition pretende lançar no final de Outubro. Para além disso o projecto tem-se focado no "e-commerce" e no marketing digital por pretender concentrar as vendas no on-line. 

E quanto ao futuro? Tânia Neves espera  que "a LOOM esteja a comercializar para o mercado internacional, levando a história do Alentejo aos quatro cantos do mundo".