29 Março 2019      14:29

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Jogos de tabuleiro: vamos esclarecer umas ideias?

Os jogos de tabuleiro modernos têm, actualmente, mais visibilidade fora da “comunidade gamer”, ganhando aceitação e adeptos fora dos nichos tradicionalmente “geek”. Apesar do aumento do número de famílias que os incorporaram nos seus momentos de convívio e da crescente adesão do seu uso como passatempo, ainda subsistem sobre si, no entanto, algumas ideias pré-concebidas que não correspondem exactamente à realidade:

 

1. Os jogos de tabuleiro são apenas para crianças

Se é verdade que há inúmeros jogos destinados apenas a crianças, há muitos outros que não o são. Podemos, actualmente, encontrar com facilidade jogos de tabuleiro que, pelo sua complexidade e/ou temática, se destinam a um público mais velho. Por outro lado, muitos jogos podem (e devem, na nossa opinião) ser jogados em família, unindo gerações à volta de uma mesa, convivendo, aprendendo e divertindo-se em conjunto. E o que dizer das dezenas de grupos de jogadores que se reúnem regularmente pelo país fora?

 

2. Os jogos de tabuleiro têm apenas uma função lúdica

Jogar é, de facto, uma actividade lúdica. Tal facto, só por si, já lhe daria uma função pedagógica: o acto de brincar é uma das principais formas de desenvolvimento pessoal, social e intelectual.

No entanto, os jogos de tabuleiro podem ser muito mais que isso. Pelas suas mecânicas, temáticas e envolventes, são actualmente utilizados por professores, formadores e pedagogos em geral para desenvolver competências várias: gestão de tempo, trabalho em equipa, pensamento estratégico, gestão de recursos, planeamento, análise crítica, concentração, negociação, dedução, tomada de decisões, resolução de conflitos, lógica, entre muitas outras.

Por outro lado, a temática fortemente associada a alguns jogos pode ser aproveitada como instrumento indutor de conhecimento histórico, literário, geográfico, por exemplo.

 

3. “Jogos de tabuleiro? É o Monopólio, o Risco e o Xadrez não é?”

Os jogos de tabuleiro não se resumem ao Xadrez, Damas, Monopólio ou Risco. Nas últimas duas décadas, os jogos de tabuleiro evoluíram a um ritmo impressionante: mais de 1.000 novos jogos têm vindo a ser publicados todos os anos e são cada vez mais desafiantes, atraentes e inovadores.

Os jogos comercialmente mais conhecidos e/ou tradicionais, marcaram um época e continuam a ter o seu papel, mas reduzir o mundo dos jogos de mesa a esses títulos é diminuir muito o potencial de diferentes experiências e conhecimento que se podem obter. Existem, actualmente, mais de 80.000 jogos diferentes! A diversidade de componentes, estilos, temas e mecânicas de jogo é imensa.

 

4. “Os miúdos não gostam: só querem saber de jogos electrónicos”

Todos os jogos têm o seu papel e a sua importância. E as cores, movimento e fácil acesso dos jogos digitais são, naturalmente, factores de atracção para os mais pequenos (e não só). Mas a nossa experiência demonstra-nos que, frequentemente, as limitações no brincar das crianças são, ainda que inconscientemente, provocadas pelos adultos: basta não lhes dar acesso a alternativas, por exemplo.

Enquanto colaborador da B de Brincar, tenho participado em diversos eventos organizados por esta empresa onde é possível jogar jogos de tabuleiro e há sempre dezenas de crianças a participar. Algumas chegam desconfiadas, mas após começarem a ter contacto com o jogo, já não querem parar. E voltam! Tantas vezes, enquanto ouvimos um adulto a dizer que a criança só quer a consola, olhamos para o lado e já ela está entusiasmada a jogar.

 

Sim, o mundo dos jogos de tabuleiro é entusiasmante. É enorme. É desafiante. É enriquecedor. Que tal experimentar?

A esse propósito, aproveito a oportunidade de vos convidar a aparecer na Sociedade Harmonia Eborense no próximo dia 6 de Abril a partir das 15 horas. Durante a tarde, haverá jogos disponíveis para todas as idades, de forma gratuita e será um evento aberto à comunidade.

Fica o desafio: vamos jogar?

 

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Carlos Ramos