20 Abril 2025      09:33

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Internamentos sociais no Alentejo aumentam significativamente

O Alentejo enfrenta um crescimento significativo dos internamentos sociais, um problema que reflete a escassez de respostas sociais adequadas na região. Dados recentes da 9.ª edição do Barómetro de Internamentos Sociais (BIS), divulgados em abril de 2025, indicam que, em março deste ano, 2.342 pessoas permaneciam internadas em hospitais públicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) após receberem alta clínica, um aumento de 8% face a 2024. No Alentejo, a falta de vagas na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) é a principal causa, sendo responsável por 46% destes casos.

Os internamentos sociais ocorrem quando utentes, maioritariamente idosos, permanecem em camas hospitalares por razões não clínicas, como a ausência de autonomia, suporte familiar ou vagas em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI). No Alentejo, a demora média destes internamentos é de cerca de cinco meses, apesar de uma redução de 10% no tempo médio em relação a 2024. Este cenário sobrecarrega os hospitais, ocupando 11,7% das camas disponíveis no SNS, e gera custos elevados, estimados em mais de 288 milhões de euros anuais a nível nacional, dos quais 94 milhões foram registados apenas em março de 2025.

A região alentejana, marcada por uma população envelhecida e dispersa, enfrenta desafios estruturais. A RNCCI, que deveria oferecer cuidados continuados, não dispõe de capacidade suficiente, enquanto as ERPI apresentam listas de espera prolongadas. Estas limitações são agravadas pela falta de articulação entre os setores da saúde e da segurança social, um problema criticado pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS).

Medidas recentes, como a portaria de 2023 que permite encaminhar utentes para equipamentos públicos, privados ou da Santa Casa da Misericórdia, resultaram na resposta a cerca de mil casos a nível nacional, mas o impacto no Alentejo permanece limitado. Especialistas, como Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), defendem a necessidade de reforçar a RNCCI e as ERPI, além de investir na capacitação de cuidadores informais e na desburocratização de processos.