Não te consigo ver.
Está tudo tão cinzento.
Mexe-te, por favor. Esforça-te por mim.
A nuvem insiste estar permanentemente desenhada à minha frente com um olhar incerto que nem o teu sorriso a consegue iluminar.
Não te afastes de mim; eu sei que me consegues ver, eu consigo sentir-te do outro lado.
Tenho frio. Na verdade, estou congelada. Preciso de ti. Agarra-me como nunca antes tiveras agarrado. Não estou a ver a tua mão e preciso que ela me segure. Não estou perante o teu olhar e isso assusta-me. Não estou a sentir o quente do teu corpo e esta sensação faz-me querer berrar.
Uma lágrima solitária percorre a minha face e fico surpresa. Não estava à espera dela e fico com medo das reações seguintes.
Já passou uma hora e ainda não chegaste.
Há um fumo que me puxa e pergunto se és tu. Mas não ouço resposta. Nunca tenho. Nunca terei. A angústia que sinto era capaz de mover montanhas.
Permaneço calma.