19 Setembro 2021      12:04

Está aqui

A importância do jogo no desenvolvimento das crianças

A exploração e a interação com o meio ambiente podem ser facilitadas através do jogo.

O jogo permite receber um conjunto de sensações corporais e executar vários movimentos que facilitam o desenvolvimento das capacidades das crianças (e.g., cognitivas, físicas, emocionais ou sociais) e transformam o comportamento motor dos mais pequenos ao longo do seu ciclo de vida. Jogos simples de “faz de conta”, de simulação, de contacto físico, de exploração ao ar livre, com recurso a manipulação e exploração das propriedades de objetos, são promotores deste tipo de desenvolvimento.

O jogo permite aprender a cumprir regras, a cooperar, a regular o comportamento, a lidar melhor com situações de stress, com doenças crónicas ou com situações adversas de vida. Ajuda no controlo de impulsos, a melhorar as tomadas de decisão, a expandir a criatividade ou a imaginação. Para além de ser considerado um direito das crianças, o jogo é a forma mais livre e espontânea de expressão emocional, relacional e comunicacional com os seus colegas, pais ou professores, o que os ajuda a obter maiores níveis de confiança em si próprios e nos outros.

A vivência do jogo acarreta, igualmente, elevados níveis de motivação e alegria, que podem despertar nas crianças uma maior curiosidade e disponibilidade para novas aprendizagens, ao mesmo tempo que as ajuda a definir os seus interesses e preferências. Ao longo das experiências promovidas pelo jogo, treina-se a atenção, a memória, a linguagem, a descoberta de soluções apropriadas, a capacidade para organizar as suas próprias respostas, a autoconsciência ou as capacidades matemáticas.

As crianças ao planearem, implementarem e avaliarem as suas ideias nas dinâmicas proporcionadas pelo jogo, preparam-se também para enfrentar exigências de situações reais (Nijhof et al., 2018; Yogman et al., 2018). Se forem privadas disto, podem até vir a desenvolver problemas do foro mental como, por exemplo, Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA) (Panksepp, 2007).

A saúde, o desenvolvimento físico ou o funcionamento cerebral, beneficiam do poder simples e divertido do jogo. Para se desfrutar do jogo, não é necessário ter-se alguém da mesma idade por perto. A presença de um adulto é igualmente importante, pois poderá fazer desta interação com a criança, um momento de partilha de valores, recordações e emoções (Cuesta et al., 2016; Nijhof et al., 2018; Yogman et al., 2018).

Deste modo, incentive as crianças a jogar, para que estas aprendam a lidar com desafios ao mesmo tempo que aproveitam para se divertir.

 

_______________________________________________________________________

Lídia Serra é Doutora Internacional em Neuropsicologia pela Universidade de Salamanca. 
Docente de Neurociências e Neuropsicologia do ISEIT – Instituto Piaget de Almada; Docente da UC de “Niveles Táctiles, Motricidad, Lateralidad y Escritura” e Diretora de TFM do Máster en Neuropsicología y Educación da Univerisdad Internacional de la Rioja, Espanha. Membro do Centro de Investigação CLISSIS da Universidade Lusíada de Lisboa.