16 Setembro 2021      09:14

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Hospital Privado do Alentejo “é o primeiro a ser concebido num cenário pós-covid”

Francisco Miranda Duarte, presidente do conselho de administração do grupo Empírica

O Hospital Privado do Alentejo, a ser construído em Beja, é o primeiro concebido em Portugal a pensar num cenário pós-covid-19 e terá infraestruturas e processos adequados a situações de pandemia, revelou o presidente do grupo promotor.

Em declarações à agência Lusa, à margem da apresentação pública do projeto, Francisco Miranda Duarte, presidente do conselho de administração do grupo Empírica, disse que este “é o primeiro hospital que foi pensado, concebido, desenhado em Portugal num cenário pós-covid-19”.

Segundo o também diretor executivo do grupo, “o que muda” no Hospital Privado do Alentejo “é uma consciência diferente daquilo que é a segurança do doente”.

No hospital, destacou, já haverá “várias componentes, quer da infraestrutura, quer dos processos, que são críticas num hospital pós-covid-19 e que não eram uma preocupação tão grande antes”.

Ao nível de infraestruturas, o hospital terá diferentes circuitos para haver “um menor número de cruzamentos possível entre os vários públicos” e uma “conceção diferente” de salas de espera para “permitir um distanciamento adequado entre as pessoas”.

Em termos de processos, serão minimizadas “ao máximo as deslocações não necessárias das pessoas ao hospital”, disse.

Em termos de valências, o responsável sublinhou que o hospital, que implicará um investimento de 26 milhões de euros, terá uma unidade de cuidados intensivos e intermédios, o que “não existe em muitos hospitais privados”, com sete camas.

O hospital, que deverá abrir no último trimestre de 2023, terá atendimento permanente adulto e pediátrico, um bloco operatório com três salas e uma unidade de exames endoscópicos com duas salas.

O hospital “só” terá 30 camas de internamento, disse, referindo tratar-se do número “adequado” e que “não precisa de ser mais”.

O diretor executivo acrescentou que “a necessidade de camas é cada vez menor”, porque a prestação de serviços em regime ambulatório “é uma tendência avassaladora”, os processos terapêuticos são “mais acelerados” e a estadia das pessoas no hospital “é cada vez menor”.

Por outro lado, o hospital terá uma “componente digital” que permitirá, “cada vez mais”, “seguir as pessoas à distância”.

Francisco Miranda Duarte disse ainda que o Hospital Privado do Alentejo, cujo projeto inclui um Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, com 80 camas, será “um hospital para a saúde do futuro”, porque vai apostar na “medicina preditiva”.

Através da “soma de um conjunto de diagnósticos”, “há muitas situações de saúde que podemos prever”, explicou, frisando que “esta medicina mais preditiva, mais personalizada, permite ter um acompanhamento diferente dos doentes e atuar de uma forma mais rápida e evitar a agudização dos cuidados”.

O responsável disse que o grupo Empírica quer que o hospital “seja convencionado com o Estado”, nomeadamente “em áreas em que não há resposta na região”, como é o caso da realização de exames por ressonância magnética.

O hospital terá “uma componente de responsabilidade social muito relevante” e, neste aspeto, disponibilizará um serviço de consulta de enfermagem gratuito destinado a famílias.

As famílias que aderirem ao serviço terão visitas periódicas de enfermeiros do hospital para acompanharem a saúde dos seus membros e identificarem situações que “depois podem ser tratadas onde as pessoas entenderem”.

Francisco Miranda Duarte referiu que o Empírica escolheu a cidade de Beja para instalar o seu primeiro hospital por ser “uma capital de distrito” e “o centro de uma região muito significativa”, o Baixo Alentejo, que tem 120 mil habitantes, onde há “necessidades” na área da saúde.

“Dada a conjugação das necessidades que existem e da falta de resposta privada, Beja foi um mercado que, dos estudos que fizemos, nos fez sentido investir”, sublinhou.

O responsável assumiu que a captação de médicos e enfermeiros é uma questão “crítica” para o hospital, frisando: “Não há ilusões. É difícil. É um trabalho muito importante e que está a ser começado agora”.

No caso dos enfermeiros, o hospital tem “a sorte” de existir a Escola Superior de Saúde em Beja, que forma enfermeiros e outros técnicos superiores de saúde e com a qual planeia assinar um protocolo.

Em relação à captação de clínicos, o hospital vai apostar na estratégia de “proposta de valor para os médicos”, a qual “assenta em várias componentes”, como a diferenciação clínica, que permite aos médicos valorizarem-se do ponto de vista assistencial, fazendo mais técnicas e tratando mais doentes.

O hospital vai ser “muito diferenciado do ponto de vista tecnológico”, ter “segurança clínica” e oferecer plano de carreira e de desenvolvimento profissional, assente em parcerias com “os melhores hospitais do mundo”, foram outros elementos apontados por Francisco Miranda Duarte para captar médicos.

 

Fotografia de linktoleaders.com