12 Dezembro 2016      10:35

Está aqui

HOMENS (E MULHERES) DE NEGÓCIOS

Esta semana tive a oportunidade de rever o filme “The Company Men”, baseado na história de vários funcionários de uma grande empresa, que são forçados a reorganizar as suas vidas após uma “restruturação financeira” levada a cabo pela sua entidade patronal que os forçou a sair de um dia para o outro.

Habituados a vencimentos e prémios confortáveis, de um momento para o outro estes homens viram-se forçados a colocar as suas vidas na empresa em duas caixas e a partir para outra aventura, sem qualquer justificação plausível para o sucedido.

De um momento para o outro a angústia da falta de explicação e o medo de falhar com as suas famílias assola estes homens, forçados a focar as suas prioridades noutros pontos.

Ao fim e ao cabo deram grande parte dos seus dias e colocaram as suas famílias de lado para verem a sua colaboração e o seu empenho resumidos a uma folha de rescisão de contrato e a compensações remuneratórias, como forma de apagar o que lhes tinha sido feito.

Ao longo deste percurso foram conhecendo pessoas da mesma ou de outras áreas que vivenciaram a mesma situação e que, de concorrentes a um possível emprego, passaram a amigos e colegas em projectos futuros.

Transpondo para a realidade, este filme retrata muitas das histórias em Portugal e não só. Pessoas capazes que são afastadas por motivos arranjados à pressa em nome de estabilidade de lideranças ameaçadas ou apenas de mais um ou outro milhão que poderá ser conseguido mediante o corte de custos com pessoal.

Estamos perante a geração mais qualificada de sempre que tem muito para dar e que se vê obrigada a enfrentar estes cenários, bem como a concorrência dos que querem entrar no mercado e dos que já lá estão e sentem a sua posição em risco com a entrada de novas pessoas e, logo, novas mentalidades.

Muitos questionam o porquê de tanto desinteresse das novas gerações: este é um dos motivos.

Muitos deste jovens e menos jovens são forçados a abdicar de tempo com a sua família e com os seus amigos e a, muitas vezes, estar longe das suas cidades, para tentarem uma vida melhor – a tão almejada independência.

Tudo para, no fim, ou à menor opinião divergente, serem convidados a repensar toda a sua vida e a começar, uma vez mais, de novo.

Valerá a pena?

Imagem de capa de (The Walk), filme sobre Philippe Petit