A Galp vai investir 650 milhões de euros nas novas unidades de hidrogénio verde e biocombustíveis em Sines, incluindo combustível sustentável para aviação (SAF), que deverão entrar em produção em meados de 2026.
Em declarações à agência Lusa, Sérgio Machado, diretor de hidrogénio verde e biocombustíveis da Galp, afirmou que, “no caso do HVO [instalação industrial para produzir biocombustíveis], a construção iniciou-se ainda em finais de 2023, em abril de 2024 iniciámos a construção da unidade de hidrogénio verde e a expetativa é ter as duas em operação em meados de 2026”.
Note-se que a Galp tomou a decisão final de investimento sobre estas duas unidades em setembro de 2023, para a construção, em Sines, de uma fábrica de HVO (‘diesel’ renovável) e SAF com capacidade para produzir 270 mil toneladas de biocombustíveis avançados, com um valor que ronda os 400 milhões de euros, e uma unidade de hidrogénio verde de 100 megawatts (MW), que representa um investimento de cerca de 250 milhões de euros.
Neste último caso, trata-se da segunda empresa na Europa a tomar uma decisão final de investimento na escala da centena de MW, tornando a Galp, provavelmente, a primeira empresa na Europa a ter uma unidade desta dimensão em operação.
O responsável considerou que os “ligeiros atrasos” na construção são naturais numa obra desta dimensão e complexidade.
“Se formos a primeira unidade desta escala a entrar em operação na Europa, foi porque outros se atrasaram mais do que nós”, apontou.
Em conjunto, aquelas duas unidades implicam a redução de mais de 900 mil toneladas de emissões poluentes, o equivalente a tirar 700 mil carros da estrada por ano, segundo a Galp.
O responsável da Galp pela área industrial, Ronald Doesburg, defendeu que as refinarias são críticas para a segurança energética da Europa, e não devem ser vistas como algo do passado mas como “catalisadores da mudança”.
Para Sérgio Machado, o conhecimento, as tecnologias e o sistema logístico existentes nas refinarias devem ser aproveitados para a produção de biocombustíveis.
“O setor de refinação é o maior consumidor de hidrogénio à escala mundial, portanto é natural que seja aqui que se introduza estes novos produtos”, apontou o responsável, explicando que 20% a 25% das emissões de dióxido de carbono da unidade de Sines referem-se à produção de hidrogénio ‘cinzento’ usado nas operações.
A ideia, explicou, é produzir hidrogénio verde que substitua o que é atualmente produzido.
Relativamente à produção de SAF, Sérgio Machado realçou que a Galp, enquanto empresa que abastece combustível para aviação, tem já este ano a obrigação de fornecer pelo menos 2% daquela matéria nos aeroportos, sendo que a percentagem vai aumentando ao longo do tempo, segundo as normas europeias.
A partir do próximo ano, explicou, a Galp terá uma capacidade de produção de SAF superior àquela obrigação.
Fotografia de climateaction.org