6 Abril 2019      20:00

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Há quem não desista de caiar no Alentejo, um hábito já quase extinto

A palavra cal provém do latim ‘calce'/'calces' e crê-se que deriva do pré-celtico, em que significava “rochedo' ou “abrigo” e é um composto químico identificável como óxido de cálcio.

Chega o calor e começam as caianças. Dá-se início a mais um processo distintivo do Alentejo onde as casas voltam a ser de um branco reluzente e tudo renasce, ano após ano, em cumprimento de uma tradição funcional e ancestral. Ou aliás, renascia, já que a cal tem vindo a ser abandonada e aquele branco característico e luminoso já começa a rarear no Alentejo.

A cal possui propriedades únicas já que protege do calor, da humidade e é antibacteriana e antifúngica. Propriedades que nem todas as tintas dos tempos modernos possuem. Por muito modestas que fossem as posses familiares, a caiança era, logo após os bens de primeira necessidade, a prioridade.

A cal era vendida em carroças, puxadas por burros, que passavam na rua, pelos caleiros ou “homem da cal”, e que gritavam "Cal bran…ca! Cal bran…ca!". Era vendida a peso numa balança de pratos daquelas que persistem ainda na memória de todos nós. Depois, ele e o burro seguiam caminho.

Mas há quem não desista de recuperar a utilização da cal e Sousel é um dos melhores exemplos. Aquele concelho do Alto Alentejo tem em curso uma campanha ao longo de todo o mês de abril, onde oferece 5 quilos de cal a cada inscrito no programa, para caiar as frontarias das casas.  “Caiando a Nossa Terra”, o nome do programa, está a receber inscrições nas juntas de freguesia, no posto de turismo e através da página do município, que pode ser vista aqui.

 

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