14 Fevereiro 2023      14:57

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Grupo cívico contesta central solar em Santiago do Cacém

O projeto de instalação de uma central fotovoltaica em Santiago do Cacém, que alegadamente envolve o abate de 1,5 milhões de árvores, foi ontem (dia 13), contestado por um grupo cívico, que ameaçou recorrer aos tribunais, noticia a agência Lusa.

O grupo ProtegerAlentejo1260ha referiu em comunicado, citado pela mesma fonte, que “a emissão da Declaração de Impacte Ambiental favorável” ao projeto fotovoltaico que vai ser desenvolvido na freguesia de São Domingos e Vale de Água pela Iberdrola e pela Prosolia Energy vai resultar no “abate de um mihão e meio de árvores para plantar dois milhões de painéis solares”.

“O projeto em causa teve anteriormente e por duas vezes parecer negativo por parte da Comissão de Avaliação devido aos impactes negativos previstos. Os impactes apontados são identificados como negativos, muito significativos e irreversíveis”, apontou.

No mesmo comunicado, o grupo cívico mostrou-se “totalmente contra a concretização” da central solar fotovoltaica e, por isso, vai recorrer aos tribunais.

“As medidas e compensações propostas pelo promotor não vão, de modo nenhum, ao encontro das exigências manifestadas pela população nas duas consultas públicas”, notou o movimento, de forma crítica.

O ProtegerAlentejo1260ha informou ter apresentado, na consulta pública relativa ao projeto reformulado, “uma participação de 74 páginas, na qual se mostrava a incompatibilidade [da central] com estratégias, programas e planos nacionais e regionais” e destacou que a sua contribuição mostrava igualmente “as graves omissões e inverdades constantes no EIA [Estudo de Impacte Ambiental] apresentado”.

Não obstante, os promotores “conseguiram convencer” a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “com a sua argumentação e um conjunto de promessas”, criticou ainda o grupo de cidadãos, que considerou que “esses compromissos não são realistas, nem passíveis de serem cumpridos”.

A licença ambiental para a construção do projeto fotovoltaico Fernando Pessoa, em São Domingos, foi obtida pela Iberdrola e pela Prosolia Energy no passado dia 31 de janeiro. Neste projeto, está prevista uma potência instalada de 1.200 megawatts (MW), o que o torna o maior da Europa e o quinto maior a nível mundial.

De acordo com a empresa, prevê-se que esta infraestrutura comece a funcionar no ano de 2025 e espera-se que a construção permita criar “até 2.500” postos de trabalho, sendo “a maioria desempenhados por trabalhadores locais”.

Os promotores afirmaram também que este parque solar fotovoltaico vai fornecer “energia limpa, barata e de produção local suficiente para responder às necessidades anuais de cerca de 430 mil residências, uma população equivalente a quase duas vezes a cidade do Porto”.

A Iberdrola avançou que a “instalação, cuja ligação à rede já está contratada com a operadora REN, evitará o consumo de 370 milhões de metros cúbicos de gás por ano, volume necessário para produzir a mesma quantidade de energia em ciclo combinado”.

“No que respeita à proteção da biodiversidade, o terreno poderá ser utilizado pelos pastores locais como pasto para a criação de gado ovino e serão introduzidas colmeias, o que contribuirá para melhorar a estabilidade dos ecossistemas e aumentar o rendimento do cultivo nas terras agrícolas circundantes”, adiantou ainda a empresa em comunicado, acrescentando que nas áreas em redor da infraestrutura “serão feitas plantações para substituir eucaliptos por árvores autóctones”.

O projeto inicial apresentado pela Prosolia Energy, no qual estava previsto um investimento de mil milhões de euros, foi contestado pela população em abril de 2021.