6 Julho 2018      18:52

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Gritos D’alma do interior

O PSD fez recentemente as suas Jornadas Parlamentares na Guarda com o tema “Afirmação e Valorização do Interior”. 

A opção do local (bem no interior de Portugal) e do tema referido foram uma opção política. O interior, os territórios de baixa densidade, as regiões de convergência merecem muito mais. Merecem um trabalho político aprofundado.

Por isso, entendemos que o debate do interior deve ser obrigatoriamente continuado. É um debate que merece ser aprofundado. Devem ser denunciados as falhas do governo, mas também devem ser apresentadas propostas e iniciativas que apostem definitivamente nas regiões mais frágeis.

As desigualdades territoriais têm que ser obrigatoriamente minimizadas!

Eu sou eleito por Évora (Alentejo). Facilmente posso dar o meu testemunho.

 

Basta dar alguns exemplos fáceis de compreender:

Sai do Algarve uma viatura com transporte de doentes para Lisboa, desvia o seu percurso e vai a Évora buscar mais doentes, passa ainda por Portalegre para levar ainda mais doentes. Quando a ambulância de transporte de doentes estiver cheia segue diretamente para Lisboa. É como se tratasse uma “carga”! Uma carga humana!

Sim, isto é demasiado grave para ser verdade!

É ainda mais grave porque estamos a falar de doentes oncológicos. Horas e horas de trajeto para doentes gravemente debilitados!

Esta é a triste realidade que vivem as nossas gentes. Esta é uma realidade atual, não é do tempo da Troika.

Como se sentem estes portugueses maltratados desta forma?

Muitos deles não dizem nada! Muitos deles calam!

Apenas escondem gritos de alma!

Gritos d´alma abafados pela indiferença!

Como se justificam Centros de Saúde em que chove lá dentro?

Como se justifica que dezenas de postos e extensões de saúde se encontram em forte degenerescência em muitos dos territórios do interior do nosso País? Muitos deles abandonados! Alguém consegue explicar esta degradação quando existem milhões nos Programas Operacionais Regionais para resolver estes graves problemas? 

Sim, são os gritos d´alma das nossas gentes que o sentem!

Como se justifica que uma Região como o Alentejo, que representa cerca de 1/3 do território nacional, não tenha um ortopedista no SNS? Como se justificam a quase inexistência de ginecologistas, anestesistas, otorrinolaringologistas, entre muitos outras especialidades, em todo o interior de Portugal?

Desta forma não se cumpre Portugal!

 

Como se justificam as madrugadas de espera pelos nossos idosos para serem atendidos por um médico de família, que nem sempre aparece?

É deste Portugal que falo. É deste Portugal de gritos abafados que devemos falar!

Como se justifica encerrar os postos de correios dos CTT em Viana do Alentejo, Alvito, Vidigueira, Barrancos, onde não existe mais nenhum num raio de 30 Km? 

Barrancos fica lá bem num cantinho do Portugal profundo!

Qual a solução para que o Serviço Público de Correio seja cumprido, também, para a estes portugueses? Estes são os mesmos portugueses que já perderam a camioneta da carreira, que perderam o balcão da CGD, que perderam a escola da sua infância, que perderam o pouco que lá tinham.

Não, não estamos a falar do período da bancarrota, nem do período do memorando, nem do período da troika. Estamos a falar do “agora”.

Assim, não se cumpre Portugal!

 

Como se explica que não se utilizem os fundos comunitários previstos e orçamentados para os Equipamentos Sociais?

Como se explica que não se utilizem os fundos comunitários previstos e orçamentados para as Áreas de Acolhimento Empresarial? O mesmo para as infraestruturas científicas e tecnológicas. Os Programas Operacionais das regiões de convergência têm verbas previstas.

Estas são áreas decisivas para o desenvolvimento do interior.

Porque é que não estamos a aproveitar estes fundos nas regiões mais frágeis?

O litoral não tem nada a ganhar com um País assim! Com um País tão desigual! Tão desequilibrado!

É preciso mudar. É preciso mudar radicalmente e rápido. É preciso recusar a máxima do Lampedusa (in Gattopardo), de mudar algo para que tudo fique na mesma.  É necessário mudar fortemente!

É fundamental concretizarmos um pacto pelo interior. Fazer um pacto pelo interior é um dever!

Propostas, tais como as que foram apresentadas pelo Movimento pelo Interior, podem ser fundamentais para mudar a realidade.

Matérias como a fiscalidade, a desconcentração de serviços, as infraestruturas, são decisivas para alterar o paradigma existente. É nisso em que acreditamos!

Isto só se faz com uma agenda, com um calendário bem definido. Com ação!

 

Acredito que estas serão algumas das vias que poderão ajudar a mudar estruturalmente Portugal.

 

 

 

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