8 Junho 2025      10:12

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Greve no Porto de Sines não resolve diferendo entre trabalhadores e administração

A greve dos trabalhadores do Terminal XXI do Porto de Sines, convocada pelo Sindicato das Indústrias, Energia, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP), decorreu entre 26 de maio e 6 de junho, abrangendo as últimas duas horas de cada turno. A paralisação teve como objetivo protestar contra alterações unilaterais ao horário de trabalho e a alegada quebra de compromissos assumidos em acordos anteriores.

Segundo Cláudio Santiago, secretário-geral do SIEAP, esta pode ter sido “uma das maiores greves de sempre” na PSA Sines, concessionária do terminal. Embora sem dados concretos sobre a adesão, o dirigente referiu que, em média, apenas uma a duas gruas permaneceram operacionais entre as 12 existentes, ilustrando o elevado nível de participação dos trabalhadores. Santiago lamentou que a greve tenha sido o “último recurso” perante a ausência de abertura da empresa para negociar um acordo que valorize os trabalhadores, especialmente num contexto em que “2024 foi o melhor ano de sempre para o porto”.

Entre as principais reivindicações estão questões relacionadas com a conciliação entre vida profissional e familiar, nomeadamente o novo modelo de rotação por turnos imposto pela empresa, sem acordo prévio com os trabalhadores. A administração terá também recusado propostas como a concessão do dia de aniversário como feriado, apontando “incapacidade para acomodar” esse direito.

Em resposta, a PSA Sines rejeitou “veementemente” as acusações do sindicato, assegurando que tem dado prioridade à transparência e que continua disponível para o diálogo. No mesmo comunicado, a empresa destacou que os aumentos salariais seguem o Índice de Preços no Consumidor e que, em abril, são aplicadas atualizações com base em esquemas de progressão previamente definidos. Sublinhou ainda que, apesar de o horário de verão implicar uma carga horária superior, o impacto é limitado a quatro meses e cumpre o estipulado no Acordo de Empresa.

O diferendo entre trabalhadores e administração permanece, colocando em evidência as tensões entre crescimento económico e estabilidade laboral. Para o sindicato, o essencial está em garantir que o sucesso da empresa não seja feito à custa dos direitos dos trabalhadores. Já a PSA Sines insiste na legalidade e razoabilidade das suas práticas, apelando à continuidade de um diálogo construtivo.

 

Fotografia de apsinesalgarve.pt