3 Maio 2016      11:01

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FUTEBOL E ROMANTISMO

Como fã incondicional de futebol não podia deixar de escrever sobre este grande acontecimento: Leicester campeão em título da Premier League Inglesa.

Esta vitória do pequeno clube inglês, que na época passada lutava para não descer de divisão, tendo subido à liga de elite após 10 anos de divisões inferiores, veio surpreender de uma forma inacreditável o mundo do futebol.

Apesar do Leicester ter sido comprado em 2010 por um bilionário tailandês - Vichai Srivaddhanaprabha, o investimento no clube e na equipa foi tremendamente inferior à maior parte dos clubes da Premier League, se tomarmos o exemplo do Manchester City, que gastou 153 milhões de Libras em contratações de jogadores, depressa percebemos que os cerca de 37 do Leicester representam uma clara diferença de patamares e poderio económico.

Uma aposta baseada em objectivos tangíveis, sem exageros orçamentais e concedendo o tempo necessário para se formar uma equipa competitiva é o que apaixona e motiva os adeptos, é quase o que podemos denominar de um desenvolvimento natural e progressivo que vai ao encontro da essência do futebol: a preparação e disputa do jogo.

Quando um milionário “cai de outro planeta” e apressa o percurso natural da afirmação de um clube, adquirindo num ano os melhores jogadores e os melhores treinadores, está a comprar esse estatuto e evolução, deixando de parte os projectos desportivos de aposta na formação e desenvolvimento de profissionais de uma forma estruturada.

Num tempo em que está na moda esta compra de resultados instantâneos, o Leicester veio trazer uma lufada de ar fresco ao campeonato inglês, mostrando que projectos menos ambiciosos mas construídos de forma estratégica e planeada, formando jogadores e criando uma estrutura sólida, é o que apaixona os adeptos de futebol e cria pontes muito mais consistentes a médio e longo prazo.

Como será o próximo ano? Com Liga dos Campeões e responsabilidade de defender o título, pode não ser fácil fugir à tentação dos investimentos astronómicos.

Não sei o que o futuro reserva aos Foxes (Raposas), mas estou curioso por descobrir! Que venha a próxima temporada, e que não deixem morrer o romantismo no futebol. 

Imagem de capa daqui.