6 Julho 2020      13:49

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Fundos de Investimento Regional

Por Jorge Pais, Presidente da Associação Empresarial de Portalegre

De há uns anos a esta parte, o que antes era designado de «interioridade» passou à nova denominação de «território de baixa densidade». Mais científica e sofisticada, a designação surge talvez para satisfazer os que afirmavam, e afirmam, que um país de 200Km de largura não tem interior. Mas a interioridade nunca foi geográfica, antes conceito económico e social, como aliás continua a ser, chame-se-lhe o que se chamar! Na verdade, a flagrante diferença de densidade populacional e média etária, é simultaneamente causa e efeito da abismal distinção entre a força da actividade económica concentrada no litoral e a fragilidade da existente no chamado «interior».

O que é facto estatisticamente demonstrável é que as conhecidas assimetrias regionais se vêm agravando há décadas, mostrando claramente que as medidas tomadas não foram suficientes, nem terem os proverbiais discursos de simpatia e boa vontade para com esta causa ido muito além das costumadas «boas intenções», as tais que parecem encher as fogueiras de «Belzebu».

Tivesse a coesão territorial recebido ao longo dos anos para incentivação económica dos tais «ostracizados» territórios apenas uma ínfima parte do que todos, incluindo os da baixa densidade, já pagámos e ainda viremos a pagar, para salvar o sistema bancário e a TAP, entre outros «poços sem fundo», e teríamos por certo um país mais harmoniosamente desenvolvido, com vantagens para todas as regiões, do litoral ao interior!

Sem uma malha empresarial mais forte, quantitativa e qualitativamente, nunca mais a baixa densidade do interior vai melhorar! Antes pelo contrário, se nada for feito, as projecções demográficas apontam para que o Alentejo, por exemplo, antes de 2050, perca 15% da população, transformando sobretudo as pequenas localidades em «aldeias fantasma», talvez quando muito com algum aproveitamento turístico...Mas, a oferta já é grande, e vai aumentar significativamente!

Para evitar este minimalista e redutor modelo socioeconómico, que obviamente não podemos chamar de desenvolvimento, é absolutamente fundamental fortalecer o tecido empresarial, apoiando as empresas existentes e fazendo florescer e multiplicarem-se os novos projectos empreendedores.

Todos sabemos que um dos maiores constrangimentos para que tal aconteça são as carências de capital e acesso ao financiamento que assolam em particular as pequenas empresas e os novos projectos que pretendem situar-se no dito «interior», onde por vezes já nem instituições financeiras existem, nem potenciais investidores, que preferem ambientes menos adversos, de maior «densidade», que asseguram mais facilidade de bons negócios!

Todos sabemos também ser pura utopia acreditar que a banca tradicional ou as instituições financeiras nacionais, bem como linhas de crédito por estas geridas, tenham alguma sensibilidade pela coesão territorial, antes gerindo a sua carteira de clientes, como é legítimo e normal, em função da sua necessidade de resultados e objectivos comerciais.

Parece assim evidente que o necessário reforço do tecido empresarial do «interior» carece de ferramentas e instrumentos específicos de apoio financeiro e dinamização da actividade económica, razão pela qual acabamos de propor à Sr.a Ministra da Coesão Territorial a criação, pedindo também o apoio dos senhores deputados e estruturas associativas, do que chamámos FUNDOS DE INVESTIMENTO REGIONAL, embora o nome seja o que menos importa!

Importa é que, aproveitando os abundantes recursos que, ao que parece, a União Europeia até nos vai dar, saibamos contornar possíveis oposições e criar estes FUNDOS, com uma estrutura ligeira e auto-sustentável, que tendo a proximidade e conhecimento da problemática do desenvolvimento regional, trabalhem em conjunto com as autarquias, associações empresariais, incubadoras e aceleradoras de empresas, no apoio a projectos que pela sua localização, dimensão, escassez de capital ou ausência de garantias patrimoniais, acabam por soçobrar às dificuldades, não se concretizando ou obrigando os promotores a procurar outras «paragens» menos adversas.

Estes FUNDOS não precisam de financiar a totalidade do capital em falta, pois bastará participar com certa percentagem, acompanhando a gestão durante o período de participação convencionado, para credibilizar o projecto e facilitar o seu financiamento, alavancando assim a multiplicação dos novos projectos empreendedores ou reestruturação dos existentes.

Enfim, entendemos inquestionável a bondade e interesse da proposta, contribuindo para que os nossos filhos não sejam obrigados a emigrar e não se vá assistindo apaticamente à desertificação das terras que nos viram nascer, pelo que apelamos aos leitores que partilhem o mesmo ponto de vista que nos ajudem a mostrar aos governantes a concordância generalizada com a utilidade e importância desta medida, enviando por qualquer meio uma mensagem de apoio à proposta para a associação empresarial - NERPOR-AE - cujos dados constam abaixo, e que a irá veicular.

A região agradece. Obrigado!

 

Parque de Feiras e Exposições 7300-306 Portalegre   Tel.: 245 302 300   nerpor.ae@mail.telepac.pt      www.nerpor.pt