29 Outubro 2022      10:48

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Fossos pré-históricos encontrados em Serpa

Dois recintos de fossos pré-históricos foram descobertos durante trabalhos arqueológicos no concelho de Serpa (Beja), em áreas que vão ficar inacessíveis devido a “culturas superintensivas”, revelou hoje o responsável pela investigação, António Carlos Valera.

Um deles, com cerca de 25 hectares, é mesmo um dos maiores [recintos deste tipo] conhecidos em território nacional, destacou o arqueólogo António Carlos Valera, em declarações à agência Lusa.

O trabalho de geofísica desenvolvido serviu para “obter uma planta” do subsolo destes locais, disse o investigador do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve e do Núcleo de Investigação Arqueológica (NIA) da ERA Arqueologia.

O que permitiu “perceber” que os locais fazem parte de “um grande recinto de fossos” naquela região.

Segundo a Câmara de Serpa, os trabalhos agora desenvolvidos dão continuidade a ações anteriores, que foram agora retomadas no âmbito de uma exposição, que vai ter lugar no próximo ano, sobre o importante conjunto de sítios arqueológicos desde tipo identificados em Serpa.

O concelho de Serpa, segundo o investigador responsável pelo projeto, é neste momento, a região da península ibérica com maior concentração deste tipo de recintos, completamente desconhecidos [pelos investigadores] há 25 anos atrás.

Segundo António Carlos Valera, são sítios das mesmas pessoas que construíram as antas do megalítico alentejano e alguns podem ser maiores do que os canais da revolução industrial.

O arqueólogo indicou tratar-se de locais onde se juntava muita gente, a começar pela sua construção, escavados na rocha, o que envolveu um trabalho coletivo de grande monumentalidade.

A geofísica, “uma espécie de radiografia que se faz à terra, para ver o que está por baixo”, foi da responsabilidade técnica de Tiago do Pereiro e permitiu identificar os fossos em sítios que vão ficar inacessíveis devido à plantação de uma vinha e de um olival.

Neste caso, a técnica utilizada foi a magnetometria, que utiliza um equipamento que mede a diferença magnética no subsolo e torna possível saber o que está lá por baixo, o que não será possível após serem plantadas as culturas previstas.

O investigador lamenta que a cultura intensiva tem sido responsável por muitos sítios arqueológicos ficarem inacessíveis e acontece com todo o tipo de património imenso que o Alentejo tem.