28 Outubro 2018      16:12

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Filmes de Guerra – 2 Filmes de Margarida Cardoso

Costa dos Murmúrios -

Pequena anedota referida pela autora do livro, Lídia Jorge: desejava mais sangue. As imagens têm pudor nos filmes de Margarida Cardoso.

Como reagem perante a guerra aqueles que nela não participam, tendo de estar nas suas imediações. Estão, mas não lhe pertencem. São as esposas dos valorosos soldados. Para onde pode escapar esse olhar? Para o interior, para o que as imagens não mostram.

Palavras chegam depois, são o veículo que se segue ao olhar. E ambos dizem mais do que mostram as imagens.

Yvone Kane -

Neste filme, que tanto pode ser visto como um complemento, contraponto ou sequência lógica, do filme anterior, mantém-se o olhar feminino, mas já não é um olhar que está aquém ou além da guerra. É um olhar participativo, se quisermos um olhar consciente. Olhar que espreita para o passado porque não pode deixar de saber, de querer saber. O poder da memória é precisamente esse (o que esmaga todos os outros). Poder sempre associado a uma incapacidade de fuga. Se em Costa dos Murmúrios as mulheres fugiam, fugiam para si próprias, para as suas dúvidas, como alguém disse, “metafísica em torno do sexo, de não se cumprirem no amor, de não conseguirem suprir uma falta” (de estarem mas não poderem verdadeiramente estar - na guerra, é claro), aqui procuram, por vezes febrilmente. Este filme pretende suprir a falta que as mulheres de a Costa dos Murmúrios não puderam colmatar. Não puderam porque não podiam, entenda-se. Referimo-nos ao, como é aliás dito a certa altura pela personagem principal, quimérico ‘fim da história’. Este é o filme que assume essa impossibilidade.

Costa dos murmúrios concentra (toda a informação vem de fora para dentro), Yvone Kane difunde (há uma busca pela informação).

 

Imagem de c7nema.net

 

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