17 Março 2018      11:08

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Ferrovia no Alentejo: o que falta resolver

Recentemente foi lançado o concurso para a construção da ferrovia entre Évora e Elvas e o início da obra entre Elvas e Caia. Contudo, prevalece uma forte incerteza no que respeita às paragens dos comboios de mercadorias no distrito de Évora, mas também relativo ao processo de expropriações.

O projeto é, sem duvida alguma, muito importante para a região e para o País. No entanto, existem condicionalismos decisivos que têm que estar claramente identificados e resolvidos. Um deles tem a ver com a necessidade de desenvolvimento de estações que garantam a paragem de alguns dos comboios de mercadorias no distrito de Évora, de forma a este projeto poder servir a região.

Reforçamos que não podem existir quaisquer dúvidas de que se trata de um investimento importante e estruturante para a região e para o País, que contribuirá para a promoção da competitividade da economia portuguesa. Contudo, no que respeita ao distrito de Évora, em nenhum documento oficial são conhecidos os sítios onde o comboio de mercadorias vai parar. É essencial que os comboios, que venham a percorrer a linha ferroviária, sirvam o território e, por conseguinte, as empresas e populações.

Sobre esta matéria, o GPPSD apresentou um Projeto de Resolução em 2016 na Assembleia da República, a recomendar ao Governo a adoção de medidas para assegurar a paragem de comboios de mercadorias no Alentejo [Évora, Vendas Novas e zona dos mármores (Estremoz, Borba e Vila Viçosa)]. Apesar de visar, por exemplo, a promoção da competitividade das empresas e, consecutivamente, da região, esse projeto foi chumbado no verão de 2017 pelos partidos que suportam o Governo. Curiosamente, a CDU anda a propor aquilo que defendíamos. Para reforçar a emergência desta intervenção, o PSD propôs esse mesmo texto à Assembleia Municipal de Évora, tendo sido aí aprovado por unanimidade. Desta forma, dá para perceber claramente as incongruências politicas que existem nos partidos de esquerda de Portugal.

Recentemente o Governo fez o anúncio pomposo da obra, no entanto os proprietários das terras ainda não conhecem o plano para as expropriações das terras que vão ser utilizadas para passar a linha de comboios de mercadorias. É muito grave a inexistência de informação sobre, por exemplo, quanto e quando os proprietários vão receber pela expropriação dos seus terrenos. As pessoas não sabem com que regras vão trabalhar, estão fartas de enviar cartas à Infraestruturas de Portugal, não têm resposta ou, quando têm, são pouco esclarecedoras. Estas matérias têm sido denunciadas ao GPPSD pelos proprietários das terras onde vai passar a Linha Ferroviária, informando que não conhecem aquilo a que têm direito. A incerteza é muito grande!

A intenção de ligar Sines à Europa já vinha do Governo anterior, estando previsto no Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas (PETI). Este é um projeto consensual. No entanto, alguns dos problemas apontados têm que ser resolvidos.

 

Imagem  de mundolusiada.com.br