15 Março 2020      12:58

Está aqui

Felicidade e tristeza – uma batalha que está a começar

Às vezes, canso-me de ser feliz. Sinto que mereço os meus dias de tristeza também. Afinal de contas, o ser humano precisa disso também, certo? Somos construídos por estes dois elos. Alimentados por eles. Como um girassol que implora por água e sol. Eu preciso de me sentir assim. Corre ao longo do meu frágil corpo. É inevitável. Chego ao ponto de ter saudades desta mágoa. Já estou moldada. Construída. E como esta folha que voa aos círculos, eu sigo o caminho com ela.

Vivo todos os dias com o pensamento de que morrerei jovem. Não me imagino uma adulta. Uma pessoa séria com responsabilidade. Todos os dias, quando percebo que acordei, quando vejo o sol a rasgar a minha janela, tremo. Sobrevivi a mais um dia. Eu estou cá. Ainda não foi desta.

Expludo todos os dias; vivo desesperadamente por tudo e para todos. Nunca saberei quando é a minha última vez, e isso destrói-me. Apesar de saber que teria companhia, não estou preparada. Ninguém está. Tudo aquilo que penso queima-me a mente e os meus olhos acabam por tremer suavemente. O meu coração acelerado raramente abranda. Estou sempre no limite.

Há um breve nevoeiro que se aproxima silenciosamente. Agarra-me. Sufoca-me. É um fantasma. Fixo-o nos olhos. Sou eu.

Escondo a minha mão, estou a magoar-me, de novo. Vejo tudo rodar, de novo.

Nas minhas veias, há um bombo irrequieto que acompanha os meus passos. Será que consigo acompanhar o bombo?

 

A batalha da minha mente ainda não acabou. Ela acabou de começar.

 

 

Por Rita Medinas, natural de Reguengos de Monsaraz, com dezoito anos e estudante do Curso de Português na Universidade de Coimbra.