30 Maio 2016      11:16

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FEBRE AMARELA

À data em que esta crónica se encontra a ser escrita, estão a caminho de Lisboa, milhares (segundo a comunicação social) de pais e alunos que se irão manifestar contra os cortes no ensino privado.

Não pondo em causa o direito à manifestação é sem dúvida de censurar a utilização abusiva feita por pais e professores dos seus filhos e alunos em toda esta polémica.

Ver crianças em manifestações a gritar palavras como “liberdade” mexe com qualquer um e coloca-nos a pensar seriamente em todo o movimento que se anda a criar em torno da cor amarela.

Ver cartas dirigidas a políticos “assinadas” por crianças com conteúdo claramente escrito por adultos agrava também este tipo de pensamento em torno de todo este movimento.

A forma como os pais destas crianças andam a monopolizar e a usar os seus próprios filhos é sem dúvida escandalosa e passível de colocar em causa o movimento amarelo (cor claramente associada ao Vaticano como todos sabemos).

Que se manifestem e lutem por razões e direitos que crêem ser o deles tudo muito bem, agora por crianças a gritar palavras de “liberdade” e a acenar cravos em nome de uma “nova revolução” como tenho ouvido alguns dizer, é claramente abusador quando, decerto, muitos deles não conhecem o conceito de liberdade e da revolução a que aludem por não terem ainda idade para os percepcionar.

Para além dos pais que claramente manipulam os seus filhos, tão ou mais grave são os professores e psicólogos que recorrem à influência que têm nos estudantes destes estabelecimentos de ensino para deles conseguirem objectivos próprios.

Quando são os próprios professores a desrespeitar os pilares base do ensino, como querem que alguém os respeite e os oiça?

Repetindo, o que aqui se coloca em causa não é o direito à manifestação e à liberdade de expressão, o que aqui se coloca em causa é a legitimidade que os protagonistas e responsáveis desta febre amarela julgam ter para colocar crianças a gritar palavras de ordem sem que saibam o que as mesmas significam.

Liberdade sim, desrespeito à liberdade de actuação e pensamento é que não.

Imagem de capa de Marcos Borga do Expresso, aqui.