11 Maio 2018      11:29

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Évora, Cidade Capital Europeia da Cultura 2027 e a Feira Medieval 2018

Depois de ter vencido, no quadrante institucional, o início de uma longa caminhada rumo ao objectivo final, a cidade e as suas forças precisam neste momento de ser proactivas e dinâmicas junto dos mais variados agentes locais.

Évora, a cidade que outrora recebeu as Cortes nos anos de 1325 e de 1535, necessita romper o paradigma da inércia intelectual e cultural no que diz respeito a grandes eventos. Necessita aventurar-se, arriscar mais, ir mais além! Necessita projectar-se cada vez mais a nível nacional e internacional, tornando-se, deste modo, a referência que não só ostentou outrora, como a que merece pelo seu valor histórico-patrimonial. Nas grandes linhas orientadoras que este grande projecto certamente terá, importa investir em grandes referências e em grandes eventos, onde o país e a Europa se rendam, não só ao nosso valor, como à forma que dignificamos e valorizamos o nosso território.

É neste contexto, que a Feira Medieval poderá ser uma inquestionável ferramenta de promoção e valorização da cidade e da própria região. Ter a ambição de ter no nosso burgo um dos maiores e mais importantes eventos de recriação histórica do país, que se diferencie pela sua dimensão e rigor histórico, que envolva como tantos outros a população e o associativismo local, dando uma imagem de marca aos nossos maiores símbolos arquitetónicos, pois é nestes, que Évora pode efectivamente deslumbrar de uma forma única na recriação de grandes acontecimentos e momentos que vincaram a História local. Apesar de, na minha opinião, o local estar bem longe do desejado, os indicadores são claros na presente edição de 2018: milhares de visitantes num espaço mais amplo é algo que podemos ter a certeza mas, curto sob o ponto de vista da oferta gastronómica, teatral e artística. Aos transeuntes faltam mais recreações históricas, mais espaços de interacção cultural com os intervenientes, melhores e mais variados espectáculos. Seria um regalo ver uma articulação e intervenção acentuada, com a comunidade escolar por exemplo, sob a forma de desfile temático envolvendo as crianças, criando um sistema de educação histórica inédito na nossa comunidade educativa.

Não nos deixemos acomodar pela carga do financiamento e pelo desespero da qualidade-preço! Sejamos criativos e inovadores! Sejamos nós, ilustres eborenses que tão bem tratámos de nós próprios ao longo de séculos.

Não nos esqueçamos que num passado recente, a então Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, reconheceu que Évora tinha potencialidades para ser Capital Europeia da Cultura em 2012, “Claro que Évora é, evidentemente, uma cidade com potencialidades para poder ser uma Capital Europeia da Cultura. Entendemos, porém, que, neste momento, Guimarães reunia as condições ideais», afirmou a ministra.” . Afirmou ainda que em relação ao facto da classificação das cidades património mundial, o desafio, «é manter a classificação, explorando as potencialidades que uma distinção desta natureza oferece à cidade que a conquista». É nesta analogia que podemos e deveríamos seguir as linhas mestras de um entre muitos eventos que poderão dar-nos a nós, eborenses, alentejanos e portugueses aquilo que tanto ambicionamos, Évora Cidade Europeia da Cultura em 2027: um Município competitivo, com identidade, criatividade e vitalidade para os anos e gerações vindouras.

FOTO de ESTELA SILVA