5 Maio 2020      13:12

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Évora: Chineses podem entrar na Embraer

A história da fusão da maior construtora de aviões brasileira e a terceira maior do mundo parece estar ainda muito longe de encontrar uma solução, agora que a Boeing desistiu unilateralmente da entrada no capital da Embraer com a aquisição da divisão de aviação comercial brasileira e os chineses da COMAC parecem estar interessados no lugar deixado vago.

A norte-americana Boeing e a empresa brasileira Embraer, que detém duas fábricas em Évora, tinham estabelecido um acordo de parceria antes da crise pandémica. Porém a Boeing surpreendeu tudo e todos o mês passado quando cancelou esse acordo unilateralmente. A empresa brasileira garantiu então que irá tentar todas as medidas possíveis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento e violação do acordo de parceria quando só faltava a realização de um pagamento de de 4,2 mil milhões de dólares americanos (perto de 4 mil milhões de euros).

As fábricas que a Embraer detém, em Évora estavam envolvidas neste acordo de parceria e o cancelamento lança uma sombra de dúvida no futuro destas unidades fabris alentejanas.

Em Portugal, a empresa brasileira controla ainda 65% do capital das OGMA, em parceria com o Estado português. Estava previsto que a Boeing tomasse conta de 80% do capital das fábricas de Évora - a Embraer Metálicas e a Embraer Compósitos – e que emprega cerca de 500 pessoas.

Agora, e depois da desistência da Boeing na compra da divisão de aviação comercial da Embraer, o mercado e membros do governo brasileiro passaram a especular uma possível negociação da fabricante brasileira com os chineses da COMAC, a levar em conta a Universo Online, mais conhecido pela sigla UOL, a gigante brasileira de conteúdos, produtos e serviços de Internet do conglomerado Grupo Folha.

Segundo a UOL a China está a tentar lançar um novo modelo de avião comercial, mas parece viver dificuldades técnicas e uma aliança à Embraer poderia permitir aos chineses concretizar o avião. Para além disto alguns especialistas do sector aeronáutico, também citados pela UOL, defendem que a Embraer não poderá ficar sozinha no mercado, porque desde que a Airbus adquiriu a linha de jatos comerciais C-Series da Bombardier, a fabricante brasileira ganhou um concorrente de peso e a quem terá de fazer frente.

A COMAC está a desenvolver um modelo designado C919 há cerca de 12 anos. O primeiro protótipo fez seu voo inaugural de testes em maio de 2017, mas ainda não há uma previsão de quando estará aprovado para voar comercialmente por alguma companhia aérea. O C919 é um avião com capacidade para entre 156 e 174 passageiros e alcance de até 5,5 mil quilómetros. São números similares aos dos aviões produzidos por Boeing e Airbus. A grande aposta dos chineses, no entanto, está no preço. A expectativa é que o C919 custe menos de metade do preço do A320 ou do 737.

Imagem da Cavok Brasil.