24 Fevereiro 2016      16:01

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ESTRELAS AGLOMERADAS

“UM OLHAR SOBRE A CIÊNCIA”

Os enxames globulares são aglomerados de estrelas gravitacionalmente ligadas, de forma esférica, com baixas metalicidades, idades bastante avançadas e com densidades estelares típicas da ordem de 100 a 10 000 estrelas por parsec cúbico.

As observações têm demonstrado que os enxames globulares não se constituem como “objectos” únicos da nossa galáxia. Algumas galáxias anãs associadas à Via Láctea apresentam pequenos sistemas de enxames, bem como a galáxia de Andrómeda (M31), pertencente também ao nosso grupo local, que revelou ser constituída por uma “colecção” destas estruturas estelares muito superior em número e tamanho àqueles encontrados na nossa.

A nossa Galáxia (Via Láctea) também contém enxames abertos constituídos por algumas dezenas de estrelas a alguns milhares e cujas mesmas podem ou não encontrar-se ligadas de um ponto de vista gravitacional. As idades destas estruturas “mais simples” situam-se entre os zero e os 10 mil milhões de anos.

Os enxames globulares encontram-se preferencialmente numa distribuição esférica em torno do centro galáctico (no halo) apresentando baixas metalicidades e sendo historicamente referidos como estruturas pertencentes à população II.

O conceito de população surgiu nos meados do século passado com Walter Baade (1944), quando levou a efeito um estudo na Galáxia de Andrómeda (maior galáxia do grupo Local) e agrupou as estrelas em duas populações; as estrelas do disco, que as classificou como sendo estrelas da população I, enquanto que as estrelas dos enxames globulares e das galáxias elípticas como membros da população II.

A posição (ver figura), idades, abundâncias químicas e velocidades espaciais dos enxames globulares constituem-se como evidências de que a Via Láctea se formou via colapso, durante vários Giga-anos.

 Distribuição dos enxames de estrelas na galáxia. O círculo na figura está centrado sobre o centro galáctico e a linha de corresponde ao equador galáctico.

 

Nos dias de hoje o conceito de população manteve-se nos estudos que se levam a efeito na galáxia, mas assentam em critérios quantitativos como a metalicidade ou a velocidade espacial.

Diversos estudos efectuados em enxames globulares mostram que os mesmos são dos objectos mais antigos do Universo, pelo que alguns autores usam-nos como “relógios cosmológicos”, permitindo deste modo aferir a idade da galáxia bem como o limite inferior para a idade do Universo. Estima-se que os enxames globulares mais velhos apresentem um valor médio de idades na ordem dos 12-13 mil milhões de anos.

A formação da Galáxia iniciou-se com o colapso rápido de uma nuvem e com a formação da região central, com o halo a formar-se a partir de fragmentos mais pequenos (glóbulos) que acabaram por coalescer. Posteriormente, esses “glóbulos” interagiram com a parte interior da galáxia e formaram a estrutura que hoje designamos por Via Láctea. Os astrofísicos assumem que as estrelas de um enxame formaram-se a partir da fragmentação da mesma nuvem molecular, pelo que é plausível dizer que têm a mesma idade, composição química e que se encontram à mesma distância da Terra, variando apenas na sua massa.Em última análise, a formação dos enxames estelares inicia-se com a contração de uma nuvem molecular pelo que podemos assumir que todas as estrelas que os constituem:

 Formaram-se a partir da mesma nuvem;

 Sofreram o processo de formação ao mesmo tempo;

 Estão praticamente à mesma distância da Terra uma vez que o seu tamanho (físico) é muito mais pequeno do que a distância a que o mesmo se encontra da Terra;

 Têm aproximadamente a mesma idade;

 Apresentam aproximadamente a mesma composição química;

 

O estudo dos enxames tendo por base as premissas anteriores, fornece-nos preciosas informações, possibilitando-nos deste modo:

1 – Compreender a história da formação estelar;

2 – Determinar padrões de metalicidades existentes nas galáxias de forma a compreender a história da formação da Galáxia;

3 – Estudar a forma e a dinâmica da Galáxia;

4 – Estudar as funções luminosidade/massa da Galáxia;

5 – Fornecer-nos um limite inferior para a idade do Universo.

6 – Confrontar os modelos de evolução teórica com as observações

 

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