7 Fevereiro 2021      09:35

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Especialistas da Universidade de Évora analisam efeitos da pandemia na economia nacional

Era já expetável que o ano de 2020, marcado pela pandemia da Covid-19, fosse um ano negativo em muitas outras áreas além da sociedade, surgindo a economia à cabeça.

A pandemia provocou uma queda de 7,6% na economia portuguesa – uma quebra histórica - em 2020 face a 2019, segundo a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada esta terça-feira. José Caetano e Miguel Rocha de Sousa, Professores do Departamento de Economia da Universidade de Évora, analisaram os dados e destacam que “o substancial apoio público ao suporte a muitas atividades privadas está a compensar alguma perda de atividade produtiva e quebra de rendimentos das famílias”, mas alertam que “o prolongamento no tempo de tais apoios vai seguramente provocar um aumento do endividamento público.”

A queda do PIB nacional verificada em 2020 foi mesmo a maior desde pelo menos 1961 (de acordo com as séries estatísticas longas), reflexo da forte desaceleração da atividade económica, mas ainda assim menor que as previsões que tinham sido avançadas por várias entidades nacionais e internacionais: o Governo apontava para uma contração económica de 8,5% e a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional para 9,3% e 10,0%, respetivamente.

Numa perspetiva mais desagregada, ainda de acordo com a nota divulgada pelo INE, a procura interna apresentou um expressivo contributo negativo para aquela variação anual do PIB devido fundamentalmente à contração do consumo privado, atestando a retração dos consumidores que foram penalizados por fortes quebras nos seus rendimentos. Também a procura externa, onde se incluem as exportações e as importações de bens e serviços, revelou uma evolução bastante negativa, onde se destaca a vertiginosa descida das receitas associadas ao turismo.

Os dois analistas da academia alentejana, confirmaram que a tendência de quebra foi “análoga à verificada nos nossos parceiros económicos da União Europeia, sendo que na Zona Euro a redução do PIB em 2020 foi de 6,8%, tendo atingido particularmente os países onde o sector do turismo tem mais peso, tais como Espanha (11%), Itália (8,8%) e França (8,3%)”.  Sendo estes os principais mercados de destino das nossas exportações, estas quebras internas tiveram forte impacto nas exportações nacionais.

José Manuel Caetano - especialista em Economia Internacional e Europeia - e Miguel Rocha de Sousa – especialista na Macroeconomia e Economia do Desenvolvimento – referem ainda que os números revelados pelo INE são menos penalizadores devido ao “substancial apoio público ao suporte a muitas atividades privadas está a compensar alguma perda de atividade produtiva e quebra de rendimentos das famílias”. Um apoio que, referem ainda, não deve ser prologado no tempo de modo a não provocar um aumento do endividamento público, bem como a mobilização de património e poupanças pessoais, não sendo sustentável a médio e longo prazo.

 

Imagem de spinnup. com