6 Junho 2021      09:26

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Entre Évora e Alcáçovas, ou como se pode somar Amor!

Aos caros leitores, mas sobretudo aos meus amigos de longa data, aos familiares, colegas em geral e alcaçovenses em particular, gostaria de tecer alguns comentários sobre a candidatura que me fez persistir num projecto autárquico quando previamente pensado fazer uma pausa nestes desafios…

Em primeiro lugar, fazer parte de um projecto autárquico encabeçado pelo António Costa da Silva é uma oportunidade única e absolutamente enriquecedora que deve galvanizar qualquer pessoa que se entusiasma por política autárquica. Não sou excepção e ser convidado para um projecto supra e multipartidário chamado VIVA para o concelho de Viana do Alentejo fez-me um clique e despertou em mim uma vontade férrea de ajudar numa nova solução para o concelho que superasse em rasgo, em diversidade e em estratégia e motivação os passados mandatos alternados entre PS e CDU, desde 1976.

De facto, existem pessoas que não conhecem ou não associam o Frederico Carvalho, agricultor e arqueólogo de 42 anos, com dois filhos que passa todas as semanas por Alcáçovas em trabalho, lazer ou para simplesmente ver a família, ao pequeno Frederico, neto do Manuel Carvalho, para muitos Manel Vale Figueira e da Gabriela, o menino e moço que sempre passou as suas férias do Verão em Alcáçovas, não sou de Alcáçovas, mas vivo este terra no coração diariamente e julgo mais importante estar com algo com o coração do que com  qualquer inscrição ou titularidade.

Agora adulto e já pai de família, fui sim um menino de Évora que passava sempre férias do Verão nas Alcáçovas, um menino que fazia os recados da sua avó quando ia comprar o pão num talego à da Sr. Silvéria ou ia às compras à da Carolina. O mesmo menino que ao final de um dia tórrido passado no monte chegava à vila ia beber um Sumol à do Saramago onde ouvia o avó a falar dos trabalhos rurais, das colheitas e dos preços dos produtos agrícolas. O mesmo menino que tantas, mas tantas vezes passava tardes à da prima Barbinha, como carinhosamente ainda hoje é chamada, brincando sozinho ou lendo os livros do faroeste do Feliciano. Primo este que ainda me ensinou a pescar em Vale Figueira, ou Pego do Altar como é oficialmente conhecida esta barragem.

Foi nas Alcáçovas que aprendi a montar a cavalo, que acompanhei as primeiras caçadas do meu avô, que apreciava como ninguém a “Agarra” das vacas onde todos os tios e primos lá se juntavam para ferrar o gado procedendo a esta actividade um enorme almoço e confraternização familiar...que saudades desses tempos.. No monte das Sesmarias, que era um lugar de inimaginável criatividade e profundo débito de horas passadas sem disso percepção...nesse mesmo monte onde aprendi a guiar e onde o meu avô adorava em criança meter-me ao seu colo para me ensinar a conduzir, explicando com o seu único jeito e serenidade que aquele era um acto de solene responsabilidade.

Foi nas alcáçovas que experimentei as primeiras matanças, das tias a fazerem os enchidos ou de ver o Sr. Zé da Vaca ou o Sr. Enzol a matarem os borregos para a Páscoa. Lembro-me tão bem de ir até ao centro da vila dar recados dos meus avós à minha tia Teresa que morava ao pé da Praça da República, ou ocasionalmente ia visitar a minha tia Maria ao Pomar com o meu avô ou aí tomar banho nos tanques com o primo Pedro….  Quantas vezes fui ao armazém do Sr. Hilário Porfírio comprar farinha para os pintos da capoeira ou ao final do dia quando chegava do monte e estava com o meu avô Manel a por o jipe no casão e passava por nós o sr. Padeirinha com farta colheita de legumes e algumas vasilhas de leite, cumprimentando-nos sempre com um rasgado sorriso e boas maneiras. Foi nas Alcáçovas que uma tarde quente de Verão num grande incêndio, julgo que em Vale Nogueira, nos tempos em que todos se ajudavam em comunidade, o meu avô queria ir ajudar e não me querendo levar porque considerava perigoso, me fez esconder na parte detrás do jipe, debaixo duns sacos de cereais para o acompanhar. Obviamente que num tempo ainda sem telemóveis, deixei a minha avó numa aflição e tive o merecido castigo por imprudente atitude.

Tenho os tais 42 anos de vida, nascido em Évora, mas também vivido nas Alcáçovas. Tenho sim igualmente 42 anos de vivências, de criatividade, de liberdade e sonhos em Alcáçovas.

Esta foi uma terra que me deu tudo isso. Haverá maior legado a uma criança que lhe dar a capacidade de sonhar, de se sentir livre e de ser feliz?? Devo tudo isso a Alcáçovas, mas é também essa capacidade desenvolvida que me traz aqui hoje, no desejar pensar, discutir e planificar um futuro mais habitável, mais coeso e mais sustentável.

Não tenho qualquer pretensão de ser melhor que alguém ou desejar substituir “os da terra”. Foi-me lançado um desafio sobre um lugar repleto de significado para mim, pedindo-me para tentar acrescentar valor a esse projecto, agora transformado na coligação VIVA. Aceitei sem qualquer reservas, independentemente dos riscos que vinham associados ao desafio!!

Mas para isso é importante contar com todos, todos mesmo sem excepção. É importante dar-me a conhecer e mostrar o que pretendo para a freguesia, trocar opiniões, ideias ou críticas com todos. É isso que farei doravante todas as semanas!

Tudo farei para alcançar essa intenção, de dar-me a conhecer, de dar a conhecer uma equipa que está a ser cuidadosamente preparada e que me vai a mim, ao nosso candidato António Costa da Silva e a toda a restante candidatura, auxiliar na divulgação de uma mensagem de alternativa política, de refrescamento da imagem da classe política e da capacidade de agregarmos valor a outros forças partidárias ou mesmo e sobretudo a pessoas independentes desse foco.

Este é um desafio enorme que temos pela frente, seja na luta política, como sobretudo na sustentabilidade financeira e autonomia das freguesias e da transferência de competências que virá a muito breve trecho. Com ou sem envelope financeiro, haverá maiores responsabilidades nas juntas de freguesia e devemos todos estar cientes dessas mudanças que se esperam no poder local no curto espaço de tempo e que o mudarão inevitavelmente.

Mas também para isso termino dizendo que estou absolutamente disponível e interessado até em debater com os meus adversários neste desafio autárquico esta problemática entre outras que nos dizem respeito, lançando desde já um repto a uma entidade ou associação local que promova um debate entre as 3 candidaturas (se vierem outras, tanto melhor) para servir de esclarecimento público aos fregueses alcaçovenses. Saúdo, entretanto, a candidata do Partido Socialista, Florbela Lopes que, entretanto, já se anunciou candidata à Junta de Freguesia de Alcáçovas.

O Amor no meu entender não se divide, acrescenta-se e espero poder provar essa minha convicção a todos os alcaçovenses nestes próximos meses.