6 Abril 2022      11:30

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Entidades alentejanas contestam plano de gestão das zonas de conservação

A União da Floresta Mediterrânica (UNAC), a Cooperativa de Moura e Barrancos (CAMB), a Câmara Municipal de Moura e a Associação dos Jovens Agricultores de Moura (AJAM) contestaram a abordagem tomada pelos planos de gestão das Zonas Especiais de Conservação (ZEC) do Cabeção, Cabrela, Monfurado e Moura-Barrancos.

Segundo o portal Vida Rural, a UNAC defende que as medidas se focam apenas em questões de conservação, “esquecendo a função de produção agroflorestal que está na base dos valores ecológicos destas áreas”.

Em comunicado, a entidade explica que considera “que não é possível criar planos de gestão de sistemas tão complexos, de uma forma adequada e equilibrada, sem considerar a principal das suas vertentes”.

Assim, estas propostas criam “um conjunto de limitações que pretendem promover a componente de conservação, limitando a componente produtiva, sem quaisquer contrapartidas”, acrescendo que se corre “o risco de prejudicar, a prazo, grandemente a produção e como consequência a sustentabilidade total do ecossistema”.

“A perda de capacidade produtiva e de rendimento a ela associada poderão levar ao abandono, o que, por sua vez aumenta fortemente o risco de incêndio e tem como impacto a total destruição das espécies e habitats que se pretendem conservar”, conclui o comunicado.

Em declarações à Planície, José Duarte, presidente da CAMB, realçou a importância do regadio dentro da Rede Natura “numa altura em que se fala de soberania alimentar”, afirmando que “temos solos de qualidade extraordinária dentro da Rede Natura, que poderiam ser aproveitados para a produção de cereais”. Contudo, “devido ao nosso clima, só conseguimos fazer cereais se tivermos ajuda do regadio”.

O também empresário agrícola explicou ainda que “dentro destas medidas que são obrigatórias, há a impossibilidade de se utilizar a energia solar, de se colocarem painéis solares sem ser para autoconsumo. Mas, para autoconsumo, se não estamos a produzir, também não precisamos de energia”.

O presidente da CAMB assegurou igualmente que “vamos contestar o plano que nos foi apresentado e vamos voltar a dar o nosso contributo com medidas alternativas ao que nos foi proposto, e, como é óbvio, se nós não formos ouvidos nessa matéria, vamos avançar para os tribunais, não só em Portugal, como na União Europeia”.      

 

Fotografia de coopmourabarrancos.com