24 Agosto 2022      13:25

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Empresa eborense lidera projeto sobre hidrogénio em África

A empresa eborense CONVERGE! vai liderar o primeiro projeto de investigação internacional sobre prospeção e utilização de hidrogénio natural como nova fonte de energia, o HyAfrica, financiado pela União Europeia.

Segundo a agência Lusa, o projeto, com início este mês e uma duração de três anos, é liderado pela CONVERGE!, uma spin-off da Universidade de Évora (UÉ) sediada no Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT).

Em comunicado, a UÉ explica que o HyAfrica “visa estimar os recursos em hidrogénio natural em regiões promissoras de Marrocos, de Moçambique, da África do Sul e do Togo e avaliar o seu impacto socioeconómico para as comunidades locais”.

Assim, “o projeto envolverá as partes interessadas na identificação dos procedimentos de regulação e licenciamento necessários para a exploração de hidrogénio nos países-alvo, e comparará os modelos de negócio baseados em hidrogénio natural com outras soluções de energias renováveis para compreender as suas vantagens e complementaridade”.

A universidade faz ainda notar que este é “o primeiro projeto de investigação internacional sobre a prospeção e utilização de hidrogénio natural como uma nova fonte de energia”, cofinanciado pela União Europeia através da Parceria Euro-Africana em Investigação e Inovação em Energias Renováveis (LEAP-RE).

O HyAfrica – “Rumo a uma fonte de energia renovável de próxima geração – o hidrogénio natural como opção energética em África” parte de uma pergunta base: “Pode o hidrogénio natural ser usado para gerar eletricidade para as comunidades locais?”.

A CONVERGE!, com cinco anos de existência e atividade de investigação e desenvolvimento (I&D) nos domínios da geoenergia (geotermia, hidrogénio natural, armazenamento de energia e de CO2 em formações geológicas), assim como o consórcio que lidera, querem encontrar a resposta.

De acordo com a academia, “o hidrogénio natural, também designado por hidrogénio branco, ocorre em ambientes geológicos específicos, como resultado de reações químicas entre determinados tipos de rocha e a água, a grandes profundidades”.

O hidrogénio natural é “um recurso natural, gerado continuamente, que pode constituir uma fonte de energia primária e limpa, renovável e sem intermitência”, indica ainda a UÉ, salientando que a sua viabilidade de utilização “para produção de eletricidade está demonstrada desde 2012 através de um projeto-piloto no Mali”.

Note-se que o hidrogénio é considerado essencial para a transição energética e a União Europeia e vários países africanos já definiram estratégias que exigem a produção de hidrogénio a partir do metano com captura de CO2 (hidrogénio azul) ou da eletrólise da água usando fontes de energia renováveis (hidrogénio verde).

Contudo, a abordagem proposta pelo HyAfrica é diferente: “defende a exploração do hidrogénio que ocorre em formações geológicas e a sua utilização como fonte de energia primária”.

“Este recurso renovável constante pode constituir um complemento de menor custo para a produção de hidrogénio, sem perdas de eficiência associadas ao ciclo de produção industrial do hidrogénio azul e do hidrogénio verde e sem impactos no uso do solo e no consumo de água inerentes à produção de hidrogénio verde”, disse ainda a UÉ.

O projeto envolve também dois institutos de investigação alemães (Fraunhofer IEE e Leibniz Institute for Applied Geophysics), a Direção Nacional de Geologia e Minas de Moçambique e cinco universidades: Mohammed Premier (Marrocos), de Lomé (Togo), de Limpopo e de Pretoria (África do Sul) e Eduardo Mondlane (Moçambique).

 

Fotografia de epbr.com.br