27 Abril 2016      12:43

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ELEMENTOS DE CIDADANIA DA ÚNICA PALAVRA QUE OS MÍNIMOS SABEM

"ECONOMICAMENTE FALANDO"

Decorria já o último trimestre de 2015 quando Portugal escolheu os deputados que compõem a atual Assembleia da República. Durante os meses anteriores, nós Cidadãos (ou, para não ferir suscetibilidades, Comunidade de Cidadania), fomos bombardeados com promessas eleitorais, discursos de melhoria, estudos e programas de governo.

Fica célebre a constante promessa da então maioria de reposição da sobretaxa (ou pelo menos parte) em função do quadro fiscal verificado no final do ano. Até às eleições a reposição tinha sempre taxas positivas; depois das eleições, como que por magia, lá se foi para uma reposição zero. A então oposição, agora governo e respetivos apoiantes, criticou estas posições. A meu ver, fê-lo bem e com argumentos que me parecem lógicos.

Ao mesmo tempo desta perspetiva, surge uma outra, da então oposição, com o célebre plano macroeconómico do atual Ministro das Finanças. Desconhecido da maioria dos portugueses, Mário Centeno apresenta o seu plano numa cerimónia pública da qual guardo pouco mais de 40 segundos que estão disponíveis para visualização. E que se resumem no seguinte: o jornalista pergunta pelas previsões, Mário Centeno leva uma mão à cabeça (com a interpretação que cada um quiser dar), engasga-se, atira um número para o ar sobre o crescimento médio (depois de o ter ouvido algures), ri-se, engasga-se sobre o défice, atira outro número para o ar, pede para o corrigirem, alguém o corrige, volta a rir-se… e pede desculpa porque são muitos números.

De certeza que essa mistura de números deu a volta ao miolo a muita gente e baralhou o Excel por completo. Senão vejamos: o plano macroeconómico de Centeno apontava para um crescimento de 3,1% em 2017. No entanto, o programa de governo já apontava apenas para 2,6% e o programa de estabilidade parece que aponta para 1,8%.

Ou seja, durante os últimos meses alguém tem enganado os Portugueses (ou, para não ferir suscetibilidades, a Comunidade de Cidadania Nascida Neste Retângulo à Beira Mar Plantado). Mas agora eu quero ver como é que vai ser a discussão na Assembleia da República… É que até outubro, PSD, CDS e PP trocavam acusações e queixas sobre atuações de governos anteriores, promessas não cumpridas e afins. PCP, PEV e BE podiam apontar o dedo a todos. Mas agora já não podem, pois são o suporte da solução. A menos que, num qualquer ato de incoerência, aleguem que estão fora do governo e que não têm responsabilidade nestas promessas… o que certamente não acontecerá (espero que os leitores percebam que há aqui ironia…).

No fundo, esta crónica não é mais do que o seguimento daquela que foi publicada na semana passada. No meio dos problemas que temos, o mais importante é mesmo alterar o nome de Cartão de Cidadão… [um pequeno aparte: penitencio-me pelo facto de na crónica anterior o ter identificado como “do” e não “de”. O que em meu entender ainda torna toda a discussão mais pateta, pois o “de” não é nem masculino nem feminino].

O problema, caro leitor, é que há momentos em que, mais do que sermos uma República das Bananas, andam mesmo é a fazer de nós bananas. Ou, para não ferir suscetibilidades, Elementos de Cidadania da Única Palavra que os Mínimos Sabem…

 

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