26 Janeiro 2016      09:00

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ECONOMIA E INVESTIMENTO

"100 NOTAS DE ECONOMIA"

Começar uma crónica pós-eleições presidenciais sem abordar o tema pode ser difícil. Ou não! Até porque está foi uma campanha despida de interesse, com demasiados candidatos e alguns claramente desinteressantes. Talvez nem abone muito a favor da democracia, acabando por a desprestigiar, transmitindo a ideia de que qualquer um pode ser presidente.

Aliás, quando expliquei ao meu filho que iriamos votar para escolher quem seria o próximo Presidente, a sua reação imediata foi perguntar se “Posso ser eu?” “Ou pode ser o Avó Zé?”

A minha crónica desta semana recupera três notícias da passada semana.

1.ª- O Governo enviou uma comitiva a Davos – The World Economic Forum – para atrair investimento estrangeiro.

2.ª- Os “investidores” estão com medo de investir no nosso País, face à reversão das concessões nos transportes, à intenção de anular a privatização da TAP ou às perdas impostas aos investidores do Novo Banco, para referir alguns exemplos.

3.ª –A equipa da Web Summit – das mais importantes conferências de empreendedorismo a nível mundial – está encantada com Lisboa, referindo-se mesmo à nossa cidade como o Paraíso das Start Ups com café a 60 cêntimos e wi-fi gratuito em todo  o lado.

Em comum estas noticias têm a tónica do investimento.

Atrair investimento é um desafio para a nossa economia.

Certamente que cada região terá as suas próprias características e as suas políticas de atração de investimento.

A nível do Alentejo, felizmente, não podemos dizer que existam poucos fatores capazes de atrair investimento. Referindo somente alguns:

1 – Existência de conhecimento e recursos humanos qualificados. Com uma universidade, dois institutos politécnicos e um número grande de centros de saber, capazes de desenvolver investigação, gerar inovação e transferir a mesma para o tecido empresarial.

2 -Localização privilegiada, perto da Europa e perto do oceano, servidos por boas acessibilidades.

3- Clima que potencia um número impar de culturas ou atividades.

4 - Internet em alta velocidade em todo o lado, bem como uma rede elétrica das mais fiáveis.

5 - Majorações a nível do acesso aos fundos comunitários, uma vez que quase todo o Alentejo está classificado como Território de Baixa Densidade.

6- Surgem cada vez mais espaços de incubação e acolhimento empresarial que podem proporcionar a oportunidade que muitos empreendedores necessitavam e evitar deste modo a fuga de capital humano.

Mas quando chega a altura de atrair investimento, qual será o fator mais determinante? Mais decisivo? Como em tantas coisas, são as pessoas!

Para um investidor, confiança e segurança são pilares que influenciam diretamente a sua decisão e interferem com o risco associado ao investimento.

É importante que na nossa região existam politicas amigas do investimento. E que tal não se cinja a um folheto ou website que elenque motivos para investir.

Mais do que “dar” terreno a quem invista e crie postos de trabalho, são necessárias politicas que atuem nos “custos de contexto”.

Como?

Dizer a um investidor que pode ficar com o nosso contacto e que estaremos sempre disponíveis para o ajudar a resolver os obstáculos que surjam, a fazer as pontes que forem necessárias, é fundamental.

Adotar uma política capaz de acolher investimento passa também por assumir a preocupação de ver se o papel necessário para a obtenção do outro papel não fica esquecido na secretária de alguém.

Dois exemplos simples de atuação que podem surtir efeito. Até porque os outros fatores de atração nós já temos.

 

Imagem daqui.