11 Fevereiro 2022      12:06

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Eborense José Cabeça é o melhor português no Esqui de Fundo Olímpico

O eborense José Cabeça terminou hoje, sexta-feira, a prova de 15 km estilo clássico no esqui de fundo em Pequim2022 na 88.ª posição, tornando-se o melhor representante luso na disciplina nos Jogos Olímpicos.

De acordo com a agência Lusa, o atleta natural de Évora, de 25 anos, terminou a competição, realizada no Centro Nacional de Cross-Country, na zona de Zhangjiakou, em 49.12,0 minutos, a 11.17,2 do vencedor, entre 99 participantes.

O finlandês Livo Niskanen juntou à medalha de bronze nos 30 km no esquiatlo o título nos 15 km estilo clássico, depois de ter ganhado ouro em Sochi2014 na velocidade por equipas e em PeyongChang2018 ter subido ao lugar mais alto do pódio nos 50 km estilo clássico.

Já o russo Alexander Bolshunov, medalha de ouro nos 30 km de esquiatlo, foi medalha de prata nos 15 km na prova de “cross-country” e o norueguês Johannes Hoesflot Klaebo, campeão olímpico na velocidade também em Pequim2022, foi terceiro.

O três vezes campeão olímpico na disciplina, o suíço Dario Cologna, terminou na 44.ª posição.

Note-se que, na sua primeira experiência olímpica, José Cabeça, que começou a esquiar apenas há dois anos com o intuito de chegar aos Jogos Olímpicos, tinha como objetivo alcançar a melhor classificação de sempre de um português na disciplina, meta conseguida em Pequim2022 pelo também triatleta, que ambiciona ser o primeiro atleta luso a marcar presença nas edições de inverno e de verão.

Em declarações à agência Lusa, o eborense sublinhou “a dureza” da prova e os efeitos “da altitude”, mas disse ter “evoluído tecnicamente” ao longo do percurso e salientou ter ficado “à frente de atletas que fazem isto quase desde que nasceram”.

“Cheguei muito exausto, porque a prova foi muito dura, mas acho que foi algo brilhante. Estou orgulhoso do trabalho que temos feito. Conseguimos em dois meses o que alguns não fazem em dois anos. Se em dois meses fiz isto, imagino o que posso fazer em quatro anos”, realçou o atleta olímpico, referindo-se aos dois meses de treino presencial com o treinador, o norueguês Ragnar Bragvin Andresen, com quem começou a ter contacto em maio, via online.

O eborense lembrou ter chegado a Pequim com 150 pontos, a melhor pontuação de um português no esqui de fundo, quando os mínimos olímpicos eram 300 pontos, o que demonstra o “nível competitivo superior” à anterior edição.

José Cabeça destacou ainda que para Pequim2022 conseguir a qualificação “já era incrível”, e o pensamento está nos próximos Jogos Olímpicos de Inverno, nos quais tem a ambição de se apresentar como “um atleta competitivo”.

“Ganhei a atletas que têm muito menos pontos do que eu, isso mostra o nível de evolução que tenho pela frente, para nos próximos Jogos Olímpicos ser um atleta competitivo e não apenas alguém que deu o seu melhor, mas que ainda não está no nível em que vai estar. Não estou a dizer que quero estar nos 10 melhores, mas fazer um resultado que deixe toda a gente orgulhosa e que as pessoas percebam que é possível atingir um nível muito elevado, se uma pessoa trabalhar para isso”, frisou José Cabeça.

O atleta de 25 anos via na televisão as provas de esqui de fundo (cross-country) e, depois dos últimos Jogos Olímpicos de Inverno, em PeyongChang, começou a interessar-se e a fazer testes de aproximação à modalidade em cima de uns “roller ski”, esquis com rodas.

No Campeonato do Mundo de esqui nórdico de 2021, em Oberstdorf, na Alemanha, José Cabeça conseguiu uma pontuação que abriu uma vaga para Portugal nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim2022, na prova de 10 km estilo livre.

O atleta de Évora, que continua a treinar triatlo, fez provas em “roller ski”, modalidade aceite para pontuar para a qualificação olímpica e tem acesso a uma pista interior de neve no Dubai, onde se encontra a trabalhar como treinador pessoal, formas de treino que lhe têm permitido progredir.

Se no início tentava aprender a técnica a observar outros atletas e a ver vídeos, a aposta na modalidade e a bolsa de preparação permitiram-lhe experimentar na neve a melhor forma de melhorar nas descidas e chegou à China com cinco meses de treino em neve.

 

Fotografia de dn.pt