26 Setembro 2017      07:09

Está aqui

E AS AULAS RECOMEÇARAM...

Mais um ano letivo e os habituais entraves continuam por resolver.

O que no ano transato tinha sido um ponto a favor do Ministério da Educação, este ano, tudo se inverteu.

Escolas sem professores colocados, sem assistentes operacionais suficientes, crianças com necessidades educativas especiais (NEE) sem professores de apoio, obras por fazer ou por concluir, espaços descuidados, enfim…todo um manancial de problemas por resolver que, atravancam o inicio normal das atividades letivas.

Comecemos pelos professores. As colocações sofreram, este ano, falhas graves que alteraram as vidas de muitos dos docentes. Manter duas casas, duas vidas paralelas, torna-se muito complicado, desmotivador e um entrave ao empenho que a profissão exige e merece.

A Escola tem sido, desde há 33 anos a minha segunda casa, por vezes mesmo a primeira, e lamento constatar que a normalidade continua a ser a exceção que devia ser a regra.

Estes acontecimentos transportam-me para racionalidades inexplicáveis onde algumas forças acéticas se continuam a impor, conduzindo todo este processo para a ordem do irreal.

Sei que é sempre mais fácil criticar o que está mal que elogiar virtudes, mas estas são tão escassas que só muito a custo as conseguimos visualizar. No entanto, este ano, a gratuitidade dos manuais escolares para todo o 1º ciclo é de aplaudir. Agora, é só aplicar a norma a todo o ensino obrigatório. É difícil, dispendioso, mas deve ser uma meta a médio prazo.

Continuando.

O relacionamento entre autarquias e agrupamentos nem sempre se orienta para um entendimento saudável. A não implementação de uma verdadeira autonomia das escolas, quando implementada poderá contribuir para a melhoria destas parcerias.

Também, uma efetiva participação empenhada das comunidades locais, beneficiaria a todos. Um contexto descentralizado implica um maior empenho e, por conseguinte, uma maior consciencialização de toda a comunidade para a resolução dos problemas mais prementes. Que fique claro, não estou a defender a municipalização do ensino, apenas defendo uma maior cooperação escola/comunidades locais/autarquias/Ministério da Educação, todos juntos não somos demais.

O atual “aprisionamento” às paredes da Escola, há muito que deixou de fazer sentido, as crianças mudaram e a Escola ainda não as consegue acompanhar. Enquanto os docentes continuarem a trabalhar em nome do trabalho já feito e as crianças em nome do que ainda não fizeram, todas as reformas possíveis cominuam na ordem do eterno adiamento.

Continuo a insistir na urgência de festejarmos a Escola, mas para isso é necessário que nos seja permitido faze-lo, nem que, para isso, seja preciso deformar para voltar a formar.

Como um dos pilares do Estado Social, o sistema de ensino é uma das bases da nossa democracia que se quer participativa.

Gosto de acreditar que quando se ensina, faz-se.

Façamos da educação uma causa comum.

Bom ano letivo para todos.