13 Julho 2022      10:10

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Duração da onda de calor no Alentejo é “atípica”

A persistência de temperaturas acima de 40ºC na região do Alentejo é uma “situação atípica”, refere Flávio Couto, investigador do Instituto de Ciências da Terra (ICT) da Universidade de Évora.

Em comunicado, o investigador explica que esta onda de calor sentida está relacionada com “a semi-estacionaridade de uma depressão nos níveis médios a oeste/sudoeste de Portugal continental”, que “inibe a circulação típica de verão associada ao Anticiclone dos Açores e favorece os ventos de sudeste/este para o Alentejo na baixa atmosfera”.

Assim, é ainda “expectável que esse padrão de circulação permaneça pelo menos até sexta-feira, o que favorecerá a continuação da onda de calor no interior do Alentejo”.

Já o investigador Rui Salgado, em declarações à Lusa, indicou que “em Évora já tivemos temperaturas mais altas mas nunca deverá ter havido temperaturas tão altas, seguidas, no interior alentejano”.

De acordo com o ICT, “mínimas tropicais, ou seja, temperaturas mínimas superiores a 20ºC, que ocorrem em alguns locais do Alentejo desde o dia 7 de julho, deverão generalizar-se a grande parte do Alentejo (interior) a partir desta terça-feira”.

Além disso, “temperaturas extremas de dia, e superiores a 20ºC à noite, poderão levar a um contínuo aquecimento do interior das habitações, sendo este mais um fator de perigosidade para a saúde pública”, pode ainda ler-se no mesmo comunicado.

Os investigadores do ICT afirmam também que esta onda de calor “apresenta contornos semelhantes à onda de calor histórica de 2003 (que causou um pico de mortalidade em Portugal continental), faltando apenas conhecer a sua duração”.

Mas este fenómeno meteorológico não fica por aqui. Segundo Maria João Costa, investigadora no ICT e coordenadora do Grupo 1, Ciências de Atmosfera, Água e Clima, “a circulação atual poderá ainda trazer associado o transporte de poeiras minerais do Norte de África”.

“Embora não se esperem efeitos pronunciados a nível da degradação da qualidade do ar, uma vez que se prevê um transporte principalmente em altitude, aconselha-se a população a permanecer sempre que possível no interior das habitações, protegendo-se das condições extremas que se farão sentir nos próximos dias”, acrescenta a investigadora.

 

Fotografia de observador.pt