«Apoquentada» vive a preocupação
e quem «abalou» foi-se embora;
«amanhém» chega o amanhã
e para «drumir» nunca mais é hora!
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Uma «carga de fezes» é trabalho
e um «emparvatado» parvo está;
«pantomineiro» é quem diz mentiras
«Velhaca» é gente muito má!
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«Alembradura» é uma lembrança,
«moidêra» é uma grande chatice,
«bodegas» não têm importância,
«assomar» à janela é bisbilhotice!
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«Amanhar» é o acto de arranjar,
«más mole cum figo» é quem não se «amanha»;
a tanta encomenda não se dá «vazão»,
a tradição é «untar o pão» com banha!
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Quem arma «escabeche», arma alarido;
almas «alvoreadas», desassossegadas estão;
o «escarrapachado» só fica visível
a quem tanto procura e não é «pastelemão»!
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Esta é a herança para as gerações vindouras
que tem vindo a ganhar valor a cada ano;
se algum dia nos quiserem fazer esquecer,
aqui fica por escrito o dialecto alentejano!
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Ricardo Jorge Claudino nasceu em Faro em 1985. Actualmente reside em Lisboa. Mas é Alentejo que respira, por inigualável paz, e pelos seus antepassados que são do concelho de Reguengos de Monsaraz. Licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Exerce desde 2001 a profissão de programador informático.Também exerce desde que é gente o pensamento de poeta.
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