22 Junho 2018      19:57

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Desembosnar

No dia 19 de junho um dos jornais nacionais publicava, a propósito do lançamento da discussão publica do Programa Nacional de Investimentos 2030, uma espécie de antecipação dos investimentos que teriam ficado de fora. Titulava que o “governo deixa Douro e Alentejo de fora de investimento para 2030” e é assim que se vai fazendo um certo tipo de jornalismo que pretende pouco mais do que sobreviver tentando desinformar.

Digo isto porque o governo, nesse mesmo dia, apresentou a metodologia para o debate publico e subsequente processo de decisão sobre um Programa Nacional de Investimentos para um período até 2030. Apresentou algo que tinha prometido apresentar e, apesar deste processo ser absolutamente inovador no nosso país, não era suficiente como noticia. É pena!

Julgo eu, e acrescento pouco, que temos tido uma dificuldade de nos pormos de acordo sobre os investimentos estruturantes para o país. Para provar isso temos casos como as diferentes propostas de linhas de alta velocidade ferroviária e a eterna discussão sobre a localização de um novo aeroporto. Só por isso já seria bom existir esta disponibilidade do governo, mas se pensarmos que este é um governo minoritário que governa depois de um excecional período de crise económica e social, dá prova de uma grande maturidade democrática e de que foi feita uma aprendizagem central para o nosso futuro: os grandes investimentos devem ser objeto de uma discussão alargada com todo o espectro da nossa sociedade e só devem prosseguir com largo consenso politico que atravesse governos e gerações.

Posto isto, julgo eu, o Alentejo não pode entrar em histeria e/ou em depressão com o titulo da noticia e, pelo contrário, arregaçar as mangas no sentido de participar de forma objetiva neste processo de debate publico. Mais do que chorar sobre leite ainda não derramado importa mesmo ter uma atitude séria de fazer valer as nossas necessidades como contributo para o desenvolvimento, em coesão, do nosso país.

De hoje até setembro próximo a região tem que ser capaz de aproveitar as oportunidades já agendadas e de realizar outras que entenda para, em cada uma das suas sub-regiões e com as lideranças adequadas, mobilizar todas as instituições, todos os movimentos e todas as pessoas para a definição daqueles que podem ser os investimentos estruturantes para a região.

Sei bem (talvez melhor do que ninguém) que estes processos são de uma responsabilidade tremenda do ponto de vista da criação de espectativas que podem vir a ser goradas, mas também sei que não há melhor forma de o fazer. Se fizermos este debate temos mais hipóteses de que os investimentos venham a ser considerados, temos mais caminho feito para a construção de um programa regional de ordenamento do território verdadeiramente significativo para o Alentejo e temos, acima de tudo, um horizonte que no “puxe” a fazer o caminho que precisamos de fazer!

O que temos que fazer mesmo é desembosnar que, aqui para os meus lados, significa deixar de estar parado e/ou assumir o destino nas suas mãos, tipo: fazer pela vida!! Desembosnar é também o nome de um momento cultural que uma amiga minha, Inês Jaques, leva ao cineteatro Camacho Costa em Odemira hoje à noite (22 de junho). Para quem tiver dúvidas aproveite e venham desembosnar!