A Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra) garante que “foram corrigidas” todas as situações de risco identificadas nas pedreiras após a derrocada de 2018 em Borba.
Em declarações à Lusa, Miguel Goulão, presidente da Assimagra, revelou que “todo o plano que foi delineado foi cumprido na íntegra. Todas as medidas que foram identificadas como sendo essenciais foram feitas e as situações de risco foram, todas elas, corrigidas”.
De acordo com o responsável, terão sido “mais de 100” as situações críticas identificadas pelo Governo, sendo que as intervenções realizadas incluíram “desde o enchimento de pedreiras à simples vedação”.
No que diz respeito, em concreto, à “zona dos mármores”, no Alentejo, o dirigente associativo disse estar também “praticamente concluído todo o trabalho de base, de planeamento”, dinamizado pela Assimagra para garantir “que situações como a que ocorreu em Borba não se repitam no futuro”.
“Eu diria que, se tivermos a capacidade de cumprir com aquilo que está planeado – mas agora isso já depende das entidades oficiais –, poderemos vir a conhecer na ‘zona dos mármores’ uma nova realidade, que trará de volta àquela zona a criação de riqueza que já se verificou no passado”, argumentou Miguel Goulão.
Recorde-se que, quase seis anos após a derrocada de uma estrada para o interior de pedreiras em Borba, que provocou cinco mortos, o julgamento do caso arrancou no passado dia 3 no Tribunal Judicial da Comarca de Évora, com seis arguidos no “banco dos réus”.
Entre eles estão o presidente da Câmara Municipal de Borba, António Anselmo, acusado de cinco crimes de homicídio, e o vice-presidente da autarquia, Joaquim Espanhol, acusado de três crimes de homicídio por omissão.
Segundo o presidente da Assimagra, no caso do Alentejo, o plano integrado dinamizado pela associação, cujo planeamento “está feito” e que tem agora de “ser executado”, passa por “suprimir todas as estradas atualmente existentes que estão entre pedreiras”.
“Atualmente nessas estradas não há circulação, mas nesse território, com um diferente planeamento, podem passar a existir, de forma viável, as explorações e as redes viárias não terem qualquer perigo de ruir”, sustentou.
Miguel Goulão destaca que para este plano avançar será, agora, necessário o envolvimento de vários municípios e entidades oficiais, mas diz acreditar que tudo está “muito alinhado para que possa ser uma realidade”.
“A própria ministra do Ambiente, que visitou o território há pouco tempo, ficou sensível a essa questão. Os municípios também necessitam de dinheiro para poderem fazer o desenvolvimento do seu trabalho e é óbvio que as empresas precisam de estabilidade para projetarem os seus investimentos, porque é muito difícil hoje a uma empresa ter iniciativa, quando não sabe com o que pode contar no dia a seguir naquele território. Portanto, é preciso que se unam estas vontades”, justificou.
“Acho que estão reunidas as condições para que se comece novamente a ter esperança de que aquela região do país vai voltar a crescer, a criar riqueza e postos de trabalho e a fixar pessoas”, acrescentou Miguel Goulão.
Fotografia de jornaldeleiria.pt